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Lepo Lepo e o grito contra o capitalismo

Não sei o que é “Lepo Lepo”, muito menos quem é Márcio Victor. Jamais escutei falar na banda baiana Psirico. Mas reconheço que é ignorância minha. Pelo que vi, fazem um sucesso danado por aí, Brasil afora. Não dá para se manter atualizado em tudo. Há que ser seletivo. Cada um com suas preferências.

Por que, então, resolvo falar de “Lepo Lepo” aqui? Porque notei que tomou as redes sociais uma declaração feita pelo cantor, de que o “Lepo Lepo” seria um “grito contra o capitalismo”. Diz a letra: ‘Eu não tenho carro, não tenho teto e se ficar comigo é porque gosta do meu lepo lepo’.

Mas o que significa o Lepo Lepo, afinal? “É o amor. É uma forma baiana de dizer do meu amor, do meu carinho”, explica o cantor à CARAS Digital. “Acho que cada um vê de um jeito, as crianças veem de um jeito inocente, a turma mais jovem leva para a azaração e tem a turma do lelelê”, diverte-se Márcio. É uma forma de gritar não ao capitalismo e sim ao amor. Acredito que mulher de verdade prefere o lepo lepo. Tem muita mulher que prefere o dinheiro, bens materiais. No meu caso não tenho nada disso. Comigo é amor, alegria e diversão”,garante o cantor de 34 anos, que está solteiro. “Mas pretendo ter uns 11 filhos”, conta rindo.

Por que gritar não ao capitalismo? Será que o cantor pensa que no capitalismo toda mulher deve ser… interesseira? Será que ele confunde capitalismo com materialismo vulgar? Será que considera capitalismo antagônico ao amor?

Nelson Rodrigues dizia que o dinheiro compra tudo, até o amor verdadeiro. Brincadeira (ou não) à parte, o capitalismo é apenas o modelo que permite ampla liberdade aos indivíduos, donos de suas propriedades, exercendo suas escolhas, suas preferências subjetivas em trocas voluntárias no livre mercado.

No capitalismo, há espaço para tudo, para o amor verdadeiro, e para a prostituição, pois o mercado, nesse aspecto, é amoral. Engana-se quem pensa que no socialismo isso não existe. A capital mundial da prostituição já é Havana, acima de Bangcoc. Os socialistas quiseram acabar com a ganância e o individualismo acabando com a liberdade, a propriedade e o mercado. Geraram apenas miséria e escravidão.

É o capitalismo que permite até mesmo um fenômeno como o “Lepo Lepo” (calma, capitalistas, não joguem pedras no sistema, esse é um preço a se pagar pela liberdade e prosperidade). No capitalismo, você pode comprar músicas de Beethoven, Mozart e Bach por menos de um dólar. E pode, também, comprar “Lepo Lepo”.

O cantor afirma que não tem carro, dinheiro, nada disso, e que espera conquistar a mulherada com seu “Lepo Lepo”, gritando contra o capitalismo. Mas é o capitalismo que vai lhe dar os recursos para que possa comprar carros e ter muito dinheiro com o sucesso da música.

Estivesse ele em Cuba ou na Coreia do Norte, ele nem poderia ter liberdade para produzir uma música dessas, e depois não poderia se apropriar dos benefícios dela se tivesse a permissão. Por essas e outras que Roberto Campos foi tão preciso em seu resumo:

“É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês. Trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola…” 

E agora, como prova de que o alienado sou eu (e você, leitor), veja que o vídeo do “Lepo Lepo” já teve quase 4,5 milhões de visualizações até agora:

httpv://youtu.be/AHVS5DW434g

Viva o capitalismo! Mesmo com “Lepo Lepo”…

Rodrigo Constantino

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