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A campanha do “Volta, Lula”, instigada pelos próprios petistas insatisfeitos com o governo Dilma, tem criado um racha no PT que pode custar caro ao partido: as próprias eleições. A reportagem de capa da revista Veja desta semana mostra justamente como as intrigas, ameaças e traições na disputa de poder no PT pode colocar em risco a reeleição da preisdente Dilma (se Deus quiser, e há de querer se for mesmo brasileiro!).

O grande marco dessa disputa interna se deu quando o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, em entrevista ao Estadão, disse em tom de ameaça que Dilma deveria assumir sua responsabilidade na compra de Pasadena, o maior escândalo da estatal no momento. Gabrielli é da turma ligada ao ex-presidente Lula, e por isso se sentiu à vontade para colocar a presidente contra a parede.

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Dilma era do PDT, nunca teve a alma petista. Mas como política foi o “poste” criado por Lula, e deve sua eleição totalmente a ele. Gostaria de ter dado uma cara própria à sua gestão, mas erro atrás de erro fez com que as máscaras fossem caindo. Quem é Dilma? Gestora eficiente? Faxineira ética? Nada disso se sustenta mais. E com a economia patinando, os escândalos de corrupção aumentando, e o PT fragilizado, ganhou corpo o movimento antagônico à Dilma dentro do próprio partido.

No fundo, há um claro desespero dos petistas em perder tanta boquinha, apenas isso. São 18 ministérios e um orçamento de R$ 1,2 trilhão, além de mais de 22 mil cargos comissionados. Eis o que está em jogo. A ala mais pragmática do PT, ciente disso, deseja preservar a união. Mas a “banda podre” (entre aspas, pois creio que o PT todo seja uma grande banda podre) partiu para a briga, receosa de ter de pagar o pato para salvar o conjunto.

Além da briga interna de poder, a campanha do “Volta, Lula” conta com o apoio de muitos empresários, pois julgam que Lula era mais pragmático e menos ideológico. Demétrio Magnoli, em sua coluna de hoje na Folha, toca no assunto, rebatendo tal crença e lembrando que, no fundo, Dilma é Lula, apesar de algumas diferenças mais cosméticas do que estruturais.

O grande empresariado pode achar que Dilma é menos flexível nas suas demandas, e que Lula tinha mais “habilidade política”, mais jogo de cintura e uma disposição maior a ouvir as reclamações do “mercado”. Mas o que não pode ser ignorado é que muito ou quase tudo do que o governo Dilma fez de errado tem suas raízes no governo Lula, ou seja, Dilma representa a continuidade, e não a ruptura do legado de Lula.

Diz Magnoli: “Dilma é Lula no sentido bem preciso de que, nos momentos cruciais, a prerrogativa de decidir repousa nas mãos do presidente de facto”. Todos os grandes equívocos desenvolvimentistas já tinham sido plantados por Lula. Como afirma o sociólogo, Lula nunca saiu, e ambos, Lula e Dilma, concordam com isso.

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Por essas e outras o “Volta, Lula” não passa de uma briga interna de poder. Aécio Neves é que está certo quando diz que não importa quem seja o candidato do PT, pois o que deve ser derrotado é o modelo petista, esse que claramente fracassou. Lula é Dilma é Lula: diferenças e nuanças à parte, a essência é a mesma, e é dessa que o Brasil precisa se livrar de uma vez por todas se pretende prosperar.

Rodrigo Constantino