Em entrevista sobre a segunda temporada do programa “Pé na cova”, supostamente de humor, o escritor e ator Miguel Falabella acabou enfiando o pé na cova mesmo. Vejam:
O seriado se passa no subúrbio, mas você mora na Lagoa (bairro da zona sul do Rio). A “classe A” consegue se enxergar ali?
Eu nunca fiz nada para a dita “classe A”. Só faço televisão para o povão, sou popular. E o povão entende a crítica que faço, eles se veem entendendo que não era para ser assim, que a filha não deveria ser puta por falta de opção, que o filho não deveria ser político corrupto. O Ruço é um homem chocado pelo mundo que o rodeia. Crio isso tudo com um olhar do humor, mas continua sendo uma grande tragédia. Vou agora colocar um médico cubano para ir ao Irajá, ele vai chegar de balsa e tudo [risos].
A família de “Pé na Cova” é bastante aberta, eles aceitam a filha lésbica, há um personagem travesti… Essa aceitação também foi uma surpresa?
De um modo geral, os pobres se divertem mais. Comprei de presente dois apartamentos para minhas duas empregadas, no mesmo prédio, no mesmo andar. Fui à festa de inauguração e tinha puta, travesti, tinha de tudo e todo mundo se dava bem. A sobrevivência obriga você a ser flexível. A classe média é que não tem dignidade, ela ainda está ligada a conceitos, maneiras de ser e viver. E o rico, o rico liga o f***-se.
E lá está ela, a velha glamourização da miséria, tão comum na esquerda caviar (Regina Casé, amiga de Falabella, que o diga). Os pobres se divertem mais! É o máximo viver nas favelas, nos guetos, ferrados de grana, pois isso gera mais “flexibilidade” nas pessoas. Passam a aceitar de tudo, então, sem o moralismo tacanho, reacionário e obsoleto da tal classe média.
Marilena Chauí disse odiar a classe média, para ela atrasada, conservadora, fascista. Para quem não viu, lá vai (Engov antes):
httpv://www.youtube.com/watch?v=H1nZeCncZps
Pois bem, podemos dizer que Falabella teve seu “momento Chauí”. Ironia do destino é que seus ricos salários – no caso do ator bem maior do que no caso da “intelectual” – são pagos pela… classe média! É esta que banca as aulas de “filosofia” na USP ou o merchandising da TV Globo em altas horas da noite (os pobres precisam dormir mais cedo para encarar o calvário do transporte público no dia seguinte e chegar ao trabalho).
Onde já se viu nutrir valores morais, ser ligado a “conceitos”, como disse Falabella, ou “maneiras de ser e viver”? Que coisa mais ultrapassada! Legal é travesti, puta, todo mundo se dando super bem, pois quem somos nós para julgar, certo?
O típico reacionário de classe média é aquele que responde que prefere ter uma filha médica em vez de puta. O moderninho, avançado e vanguardista, segundo os progressistas como Falabella, é aquele que responde “tanto faz, médica ou puta, está tudo beleza, e já que tudo é festa mesmo, abre mais uma cerveja”.
Sei lá, mas acho que vou ficar com a turma que ainda tem conceitos e maneiras de ser e viver…
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