A presidente Dilma afirmou que os médicos cubanos são vítimas de preconceito. Pasmem! Eu concordo com a presidenta! Eles são vítimas de preconceito. Do próprio governo, claro, que os trata como gado, que negocia diretamente com o senhor feudal, proprietário deles que retém a “mais-valia”. Esses médicos-escravos são tratados pelo nosso governo como sub-humanos, como mercadoria. Isso é preconceito!
Médico cubano também é gente, e deveria ter o mesmo tratamento dos demais. Ou seja, deveriam ser livres para escolher vir ou não, em trocas voluntárias, e receber o mesmo salário dos outros. Quem está tratando esses médicos cubanos de forma diferenciada, presidente Dilma? Os argentinos, espanhóis e portugueses são melhores, por acaso? São seres humanos diferentes? De quem é o preconceito, presidente?
Carlos Alberto Sardenberg, em sua coluna de hoje, explica a imoralidade do ato de importar esses médicos dessa forma. Foi direto ao ponto: “O problema não é que sejam médicos, muito menos cubanos. O problema é o método de contratação, que convalida grave violação de direitos humanos”. Ele acrescenta:
Assim: o país importador oferece a oportunidade e dá as condições de trabalho, os estrangeiros, pessoalmente, se candidatam, fazem os testes e assinam o contrato. Esse documento, obviamente, pode ser rescindido. Imagine que o médico chega numa cidade remota e verifica que não tem a menor condição de atender. Ou não recebe o salário acertado. Ele pode retirar-se e rescindir o contrato. Inversamente, se começa a fazer besteira, o governo, o contratante, pode afastá-lo.
E se o médico, afinal, achar que entrou numa fria, e que sua família não se adaptou – ele pode pegar um ônibus, ir até o aeroporto mais próximo e embarcar, com seu passaporte e o de seus familiares, de volta para casa. Ou para Miami.
Essa é a situação dos médicos argentinos ou portugueses. Não é, obviamente, o caso dos cubanos. Estes não têm o contrato de trabalho com o governo brasileiro ou outra entidade local, não recebem salário brasileiro, não têm o direito de desistir, não têm passaporte, não têm, pois, a liberdade de deixar o Brasil e ir para qualquer lugar que desejarem.
Os cubanos são prisioneiros, trazidos como tais, escravos de uma ditadura cruel. Suas famílias ficam retidas em Cuba, como reféns do regime. Isso é violação de direitos humanos. Isso tratar gente como gado. Presidente Dilma, de quem é o preconceito?
Sardenberg faz a pergunta incômoda: “Finalmente, e se algum cubano entrar, por exemplo, na embaixada dos EUA e conseguir refúgio, o que fará o governo brasileiro?”
Pois é. O precedente é terrível: nosso governo petista mandou os pugilistas de volta para o presídio! Há preconceito contra os médicos cubanos sim, eu concordo com a presidente Dilma. Mas pergunto: de quem é o preconceito?
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