A presidente da Petrobras, a estatal que vem sendo destruída pela politicagem petista, disse a empresários que a exigência de conteúdo nacional dos equipamentos comprados pela empresa não é prioridade. O foco é aumentar a produção da própria Petrobras, que vem caindo nos últimos anos, apesar das promessas de acelerado crescimento e dos gigantescos investimentos, que elevaram absurdamente o endividamento da empresa.
Diz a reportagem do GLOBO:
Para uma plateia de empresários do setor naval, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta quinta-feiraque a prioridade de aumentar a produção de petróleo está acima da contratação de encomendas junto à indústria nacional. Graça Foster falou durante evento de assinatura de contratos para a encomenda de oito embarcações de apoio às atividades de exploração e produção offshore (no mar), quinta etapa do Programa de Renovação de Frota de Apoio Marítimo (Prorefram).
A executiva justificou o fato de, em alguns momentos, a petrolífera buscar fornecedores externos, em vez de fechar contratos com a indústria nacional, como determina a política governamental. O índice de conteúdo local — ou seja, o quanto de bens e serviços “made in Brazil” um projeto naval deve ter — varia de 50% a 60%.
— Não é possível fazer tudo (no Brasil). Mais do que isso, a Petrobras não pode esperar. Não há nada, absolutamente nada, hoje sobre a mesa que justifique atrasar a nossa curva de óleo. Não é prioridade para nós nenhuma contratação que coloque em risco a nossa curva de produção. É exatamente esse óleo novo que nos dá segurança que a indústria naval, nossa fornecedora, veio para ficar e para ter conosco prestígio e a responsabilidade que é preciso ter — destacou Graça.
Antes tarde do que nunca! Mas resta ver para crer, até porque sabemos que é parte importante da “política industrial” (calafrios) do governo do PT essa cláusula de “Made in Brazil”, para estimular setores domésticos. São as mesmas cabeças que, na década de 1980, aplaudiram ou ajudaram a criar o monstrengo da “Lei da Informática”.
Trate-se de uma turma que ou nunca leu ou não entendeu David Ricardo e Adam Smith. As vantagens comparativas e coisa e tal. Quando o governo obriga uma empresa do porte da Petrobras a comprar conteúdo nacional, aquilo que se vê de imediato são alguns setores sendo incentivados, gerando empregos e riqueza. Ok. Mas aquilo que não se vê (Bastiat) é justamente o encarecimento de tais produtos, sem falar da qualidade ou prazo de entrega, que prejudica o cliente.
Ou seja, a Petrobras paga mais caro e recebe produtos muitas vezes piores em prazos mais longos para poder ajudar alguns fornecedores brasileiros. O cobertor é curto. Quem paga a conta? Os acionistas da Petrobras, no caso todos nós, já que é uma empresa controlada pelo estado. E todos aqueles que utilizam seus produtos também.
Basta pensar em um caso extremo para compreender o equívoco desse nacionalismo: o que aconteceria se a Embraer tivesse que comprar de fornecedores locais? Em vez de comprar turbinas importadas pelos melhores fabricantes, empresas nacionais iriam se desenvolver do zero para competir com Pratt & Whitney, GE ou Rolls Royce.
Se o custo fosse “apenas” o preço mais caro, poderia ser péssimo para a saúde financeira da Embraer e sua sobrevivência. Mas se o resultado fosse um produto de qualidade muito inferior, o preço poderia ser as vidas de todos que utilizam seus aviões. Vale a pena em nome do nacionalismo colocar vidas em risco?
O livre mercado em ambiente globalizado é o melhor instrumento que existe. A competição é o melhor aliado dos consumidores. Barreiras protecionistas, reservas de mercado, subsídios estatais, “política industrial” nacionalista, essas coisas servem apenas para beneficiar alguns grandes grupos locais, “amigos do rei”, em detrimento de todo o restante. O caso da Petrobras é apenas mais um exemplo de como essa receita está fadada ao fracasso.
Rodrigo Constantino