Nelson Rodrigues dedicou várias colunas ao Piauí. Competindo com o Maranhão dos Sarney, o estado está sempre perto da liderança… dos mais pobres do país. Rodrigues provocava os jovens, intelectuais e artistas que desejavam “salvar o mundo”, condenar a Guerra do Vietnã, enaltecer a revolução cubana, tudo do conforto das capitais mais ricas do Brasil. E o Piauí ficava lá, ignorado, abandonado, ali pertinho, jogado às traças do coronelismo.
Lembrei disso ao ler a notícia hoje, de que o governador faria uma licitação no valor de R$ 6,4 milhões para comprar produtos do mercado para sua residência oficial, tudo custeado pelos “contribuintes”. Entre os itens relacionados, estão produtos pessoais como reparador de pontas de cabelo, hidratante para o corpo, gel esfoliante para o rosto, aparelho de barbear e filtro solar, entre outros. Já na lista de alimentos constam camarões, lagosta, picanha e até macarrão instantâneo, chicletes e rapadura.
O governador Wilson Nunes Martins é do PSB, Partido Socialista Brasileiro, o mesmo de Cid Gomes, o governador do Ceará que também adora realizar compras milionárias com dinheiro público, cujo beneficiário acaba sendo ele mesmo, na pessoa física. Esses socialistas adoram viver como nababos, com recursos de terceiros, claro.
Como dizia Thatcher, o socialismo dura até durar o dinheiro dos outros. Infelizmente, o Brasil ainda sofre dessa chaga, e a coisa pública ainda é vista como um grande negócio privado: “cosa nostra”, em linguajar mais adequado.
Faço coro ao apelo de Nelson Rodrigues: não esqueçam o Piauí! Para que focar tanto na miséria africana, inclusive perdoando a dívida de seus ditadores, usar as desgraças do Oriente Médio para atacar os “imperialistas”, ou mandar militares e custear sua ajuda humanitária no Haiti, quando a África, o Oriente Médio, o Haiti, ficam bem aqui do lado?
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