Diante de uma ameaça de perigo, um conhecido meu sempre adotava a seguinte máxima: mato ou morro! Ele corria ou para o mato, ou para o morro. Seu incrível ato de “coragem” lembra o que os petistas entendem pelo conceito. Para o PT, diante da crise que assola o país por culpa das medidas “desenvolvimentistas” do próprio partido, um ato de coragem seria dobrar a aposta nos equívocos e jogar a conta para a população, por meio de aumento de imposto.
O ministro Nelson Barbosa, por exemplo, que é um ícone desse “desenvolvimentismo” inflacionista fracassado, disse que a volta da famigerada CPMF é o plano “A, B, C e D” do governo. Para ele, Dilma não mentiu na campanha eleitoral ao vender um país com céu de brigadeiro; ela apenas se adaptou à conjuntura, que teria piorado do nada por essa ótica bizarra.
Barbosa ainda acha que é um ato de coragem Dilma defender aumento de imposto, ou seja, jogar a fatura das suas trapalhadas para o pobre trabalhador brasileiro. É um estranho conceito de coragem: você faz um monte de besteira, ferra com a vida dos outros, e depois quer obrigar suas vítimas a pagar pelos seus próprios erros, em dobro. Vai ser corajoso assim lá em Cuba!
Claro que qualquer pessoa minimamente razoável – o que exclui petistas e seus ideólogos “desenvolvimentistas” – saberá que coragem seria justamente enfrentar a gastança estatal de um governo perdulário e irresponsável, realizando drásticos cortes nas despesas públicas, fazer as reformas estruturais de que o país necessita com urgência, e, no limite, a presidente renunciar caso fique claro que não tem capacidade intelectual e nem de governabilidade para executar tais mudanças (está claro que não tem ambas).
Em artigo publicado hoje no GLOBO, o cientista político e especialista do Instituto Millenium Murilo de Aragão aponta para os sinais de decadência do Brasil atual, fazendo um alerta de que podemos seguir na trajetória trágica da Argentina, da Venezuela ou da Grécia. Um dos grandes riscos que corremos é justamente a falta de coragem do governo para agir, para mudar, para fazer as coisas certas que devem ser feitas:
Nossa grave incompetência e nossa covardia institucional podem estar dando início a um longo processo de decadência. A presidente Dilma Rousseff, por conta das indefinições em torno de um possível impeachment, ainda tem tempo para tomar as medidas corajosas de que o país precisa. Ela poderia fazer uma autocrítica séria dos erros de sua gestão e iniciar um processo de recuperação do país e, quem sabe, de seu mandato. Porém, ainda não chegamos ao ponto de deixarmos de ser covardes e mostrar coragem cívica.
O PT tem sido extremamente covarde, pensando apenas em ganhar sobrevida no poder e preservar suas boquinhas no estado, sem dar a mínima para o sofrimento do povo brasileiro. Aquele que se recusa a reconhecer seus erros é o mais covarde de todos. A crítica que o instituto ligado ao partido faz ao “ajuste fiscal”, como se fosse o responsável e não o efeito da crise causada, na verdade, pelo “desenvolvimentismo”, beira à psicopatia.
O fato de que dois economistas lambuzados até a ponta dos pés com as trapalhadas que nos trouxeram até aqui fingirem que não têm nada a ver com isso tudo é um espanto. Belluzzo e Pochmann são, como Nelson Barbosa, ícones desse modelo fracassado que o PT seguiu, e agora resolvem posar de alienígenas que chegaram na cena do crime para condenar o tal “ajuste fiscal” pelos problemas, sendo que não dão um só pio sobre o aumento de impostos, que sem dúvida aprovam, como os “estatólatras” que são. O editorial do GLOBO de hoje bateu nessa tecla:
Em sentido diametralmente oposto ao da política de ajuste, o texto prega o corte dos juros na base da canetada e a desmontagem da meta de superávit primário — pela retirada dos investimentos do seu cálculo. O resultado seria infalível: descontrole da inflação, explosão do dólar, o que realimentará a inflação numa espiral rumo ao descontrole. E mais recessão.
[…]
Mas como as críticas lulopetistas estão embebidas em ideologia, ramo religioso da política, o argumento mais bem fundamentado é incapaz de convencer os sacerdotes do “desenvolvimentismo”. Não importa sequer que a recessão em andamento tenha sido plantada no primeiro governo Dilma, quando políticas heterodoxas ao gosto da Perseu Abramo foram executadas. É falso culpar o ajuste pela recessão. Ela já estava contratada pelos equívocos cometidos em Dilma 1.
[…]
O sentido da proposta de se retomar a política do novo “marco macroeconômico”, que levou à crise, é resumido na imagem surrada: apagar a fogueira com gasolina.
Sacerdotes do “desenvolvimentismo” é uma expressão perfeita, pois essa turma da Unicamp adota mesmo postura de seita religiosa fanática, como a esquerda socialista em geral, confirme comentado aqui nesta terça. E quando todos os fatos esfregam na cara os absurdos da crença ideológica, mas o sujeito se recusa a acordar da ilusão, a despertar do sono utópico, a mudar sua visão de mundo, quem poderia dizer que se está diante de alguém corajoso?
Os petistas e seus “desenvolvimentistas” inflacionistas, que desejam mais impostos, são um bando de covardes, isso sim. São frouxos, medrosos em sua mediocridade, incapazes de ter um ato nobre em vida. Eles não valem nada, mas custam muito caro para o país. E já que sua covardia toda pode afundar de vez o Brasil, pode nos levar para um caminho de decadência sem volta, então só resta ao povo ter a coragem de colocá-los no olho da rua!
Rodrigo Constantino