Não faz nem dois meses, e a euforia nas redes sociais era enorme: o gigante finalmente tinha acordado! A quantidade de gente que celebrava com emoção de torcida de futebol em final do campeonato era assustadora. De nada adiantava tentar levar um pouco de cautela, fazer alertas, pregar o ceticismo.
Confesso que dá até um pouco de preguiça ser mais cético em um país como o Brasil, afeito a soluções mágicas e utópicas. O mesmo povo que votou na reeleição de Lula logo depois do mensalão, que depois elegeu seu “poste” acreditando que se tratava de uma incrível gestora e “faxineira ética”, do nada despertava para a realidade? Só por aqui mesmo…
Mas quem ousava apontar isso era espinafrado pelas redes sociais: “Como ousa ser um preguiçoso pessimista que não tira a bunda da cadeira?”, eles bradavam com letras garrafais no Facebook. Então era assim: se você tinha passado os últimos dez anos de sua vida se dedicando dia e noite para expor os escândalos do governo, apontar os erros de rumo da economia, derrubar cada mito inventado pelo marqueteiro petista, você não passava de um preguiçoso acomodado, tudo porque não saía às ruas com uma bandeira verde e amarela para protestar, sabe-se lá exatamente contra o que.
Já muitos que até o dia anterior só queriam saber das novelas e de seu time de futebol, de repente viravam grandes patriotas que combatiam o Mal e construíam um “novo mundo”, onde tudo seria diferente. Estudar para que, se basta surfar a onda em uma “micareta política” para posar no “Face” como soldado das boas causas?
Peço perdão pelo tom de “eu avisei”, mas garanto que não há ressentimento de minha parte por ter apanhado tanto dos “neopatriotas”. O importante é aprender com os erros. Por isso falo do assunto agora, quando a ficha de muitos parece já ter caído. Se não usarem a experiência para tirar lições úteis, então vão insistir no erro na próxima ocasião que surgir, quando a psicologia das massas contagiar a multidão novamente.
Não se constrói uma democracia sólida da noite para o dia, com jovens nas ruas. Mas poucos mantiveram a sobriedade diante daquela euforia. Meu vizinho virtual Reinaldo Azevedo foi um deles, assim como Guilherme Fiuza. Ambos também sofreram duros ataques nas redes sociais, até mesmo dos alinhados ideológica e politicamente. Era o “fogo amigo”, de gente que se deixou levar pelas emoções, encantando-se com o suposto despertar do gigante.
Eu até cheguei a explicar os motivos pelos quais, com o passar do tempo, as manifestações tendiam a virar monopólio da esquerda. Quem pode bancar a “profissão” de revolucionário? A Mídia Ninja pode, pois conta com verba estatal. Os anarquistas do Black Bloc também, pois muitos são desocupados. Mas o cidadão médio, correto, trabalhador? Piada…
E eis que até o principal argumento utilitarista, daqueles que cederam ao slogan típico da esquerda, de que os fins justificam os meios, também corre o risco de ir por água abaixo. Sim, a presidente Dilma sofreu enorme queda de popularidade. Mas já ensaia uma recuperação, sem falar que o ex-presidente Lula venceria as eleições no primeiro turno! Gigante acordado? Só se for um gigante chinês.
Então, quantos daqueles ultra-empolgados em junho com as manifestações, alegando que o gigante finalmente acordara e que aquela gente toda nas ruas iria mudar finalmente o país para melhor, ainda insistem naquele exacerbado otimismo infantil?
É hora do gigante realmente acordar, e compreender que o processo do desenvolvimento, econômico e político, não pode pular etapas impunemente. Vamos acordar para a realidade e deixar as utopias bobinhas de lado?
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS