Quem me acompanha sabe o que penso sobre Marina Silva. Ícone perfeito da esquerda caviar. Não é por acaso que conquistou tanta gente da elite (mais corações do que mentes). Visão romântica da natureza, ecoterrorismo, Gaia transformada em seita religiosa, e uma profunda rejeição ao desenvolvimento capitalista. A famosa “melancia”: verde por fora, vermelha por dentro.
O professor de filosofia Denis Rosenfield fez um ótimo resumo disso em sua coluna de hoje. Seguem os principais trechos:
O marinês é uma nova língua política que se caracteriza por abstrações e fórmulas vagas com o intuito de capturar o apoio dos incautos. Suas expressões aparentemente nada significam, porém procuram suscitar a simpatia de pessoas que aderem ao politicamente correto. Mas só aparentemente nada significam, pois carregam toda uma bagagem teórica que, se aplicada, faria do Brasil um país não de sonháticos, mas de pesadeláticos.
[…]
Acontece que um escrutínio mais atento dessas ideias mostra uma concepção extremamente conservadora da relação homem-natureza, devendo ele abandonar a “civilização” do “lucro” e do “consumo” e voltar à floresta. É como se o homem atual fosse uma espécie de excrescência natural. A natureza é endeusada sob a forma de um neopanteísmo, como se mexer numa árvore constituísse uma agressão a algo sagrado.
Se há desmatamento é porque os seres humanos precisam alimentar-se, e não por simples ímpeto destrutivo. O Brasil, lembremos, é o país mais conservacionista do planeta: preservou 61% de sua cobertura natural nativa, além de mais de 80% da Amazônia. A oposição de Marina à agricultura e à pecuária, se viesse a ser governo, se traduziria por um imenso prejuízo para o País, hoje celeiro do mundo. A candidata, quando ministra do Meio Ambiente, mostrou-se claramente avessa ao progresso, procurando, por exemplo, de todas as formas tornar inviável não só a comercialização dos transgênicos, mas a própria pesquisa. Ou seja, ela se colocou contra o conhecimento científico. O “novo” significa aqui opor-se ao progresso da ciência e ao desenvolvimento econômico. O alegado “princípio da precaução” era nada mais do que o “princípio da obstrução”.
Digna de nota também é sua concepção dos indígenas, como se seus direitos se sobrepusessem a quaisquer outros. Ela tem uma aversão intrínseca ao direito de propriedade, não se importando nem com os agricultores familiares e os pequenos produtores. Justifica pura e simplesmente sua expropriação, devendo eles ser abandonados. Ademais, seguindo suas ideias, os indígenas deveriam ser consultados – na verdade, decidiriam – sobre quaisquer projetos em áreas próximas às deles ou sobre as quais tenham pretensões de direito.
[…]
Democratizar a democracia – eis outra expressão muito bonita que encobre sua função essencial. Trata-se, na verdade, de instituir formas de consulta que confeririam poder decisório aos ditos movimentos sociais, que compartilham as “ideias” marinistas. Assim, para qualquer projeto seria necessário fazer consultas às seguintes entidades (a lista não é exaustiva): Comissão Indigenista Missionária e Comissão Pastoral da Terra, órgãos esquerdizantes da Igreja Católica, que seguem a orientação da Teologia da Libertação, avessa ao lucro, à economia de mercado e ao estado de direito; MST e afins, como a Via Campesina e outros, que seguem a mesma orientação esquerdizante, propugnando a implementação no Brasil dos modelos chavista e cubano; ONGs nacionais e internacionais (algumas delas financiadas por Estados e empresas estrangeiros), como o Greenpeace e o Instituto Socioambiental, que passariam a decidir igualmente sobre os diferentes setores listados da economia nacional.
Palavras muitas vezes encobrem significados inusitados, sobretudo dos que se dizem puros, não contaminados pela política.
Não há como negar: Marina Silva representa um perigo para o Brasil. É verdade que ensaia uma aproximação ao bom senso, contando com conselheiros como Eduardo Giannetti da Fonseca e André Lara Resende, e que tem reforçado a importância do tripé macroeconômico. Mas como confiar em alguém assim? O ranço anticapitalista parece bastante enraizado nela.
É até compreensível o pânico de alguém como Kátia Abreu, que pulou no colo do PT, via PMDB, morrendo de medo de uma ecoterrorista chegar ao poder em 2014. Muitos colegas liberais têm dito que jamais votariam em uma chapa com Marina Silva, mesmo contra o PT. É voto nulo, ou pior, PT mesmo (eis algo que eu jamais farei em minha vida, e dessa vez posso usar o jamais).
Difícil rebater. Meu principal argumento: é urgente retirar o PT do poder, pois foi tudo aparelhado por essa turma. Essa deve ser a meta. Mesmo que a alternativa seja alguém como Marina Silva em coligação com o socialista Eduardo Campos. Mas calma: ainda não são somente essas as duas opções disponíveis. Há uma terceira, bem menos pior…
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