A estratégia arriscada da presidente Dilma está clara: comprar briga com parte do PMDB, especialmente o carioca, para posar perante a opinião pública de “faxineira” que não aceita chantagem nem compactua com o fisiologismo. Entre a “governabilidade” e as aparências em ano eleitoral, a presidente escolheu a última.
Mas a bandeira da “faxina” só pode enganar aqueles muito desatentos. O PMDB pode ser fisiológico, mas a presidente Dilma e seu PT não são em nada melhores. Ao contrário: são muito piores, pois além da fome insaciável por cargos, carregam o DNA ideológico autoritário dos bolivarianos.
O deputado do PMDB baiano, Lúcio Vieira Limado, em entrevista ao GLOBO, reclamou dessa tática petista de colocar a pecha de fisiológico em seu partido, como se o PT pairasse acima em algum local mais puro. Disse ele:
A presidente Dilma sugeriu ampliar os cargos para o PMDB do Senado, o que isolaria a Câmara. Isso piorou a situação?
Estão querendo pregar o carimbo do fisiologismo no PMDB. Mas o problema agora não é cargo. É muito mais sério que cargos. O que tem que saber é: nessa reunião, Dilma resolveu o problema de Eunício Oliveira que está estrangulado pelo PT no Ceará? Resolveu o problema de Vital do Rego na Paraíba?
Alguns acreditam que a estratégia é deixar a presidente com a imagem de “limpa”, e o PMDB de chantagista…
A presidente Dilma não tem tamanho para isso. Se ela é a limpa, então mande o PT apoiar a criação da comissão externa para investigar propina na Petrobras. Com tudo que está acontecendo no governo e com tudo que o PT está fazendo para atropelar os adversários, essa pecha de faxineira a presidente Dilma não pega mais. Se é a limpinha, por que não demite o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), que está no centro de denúncias em sua pasta?
Boa pergunta. Mas apenas retórica, pois sabemos a resposta. A presidente Dilma não demite o ministro, e tantos outros que já se envolveram em escândalos, porque de “limpinha” não tem absolutamente nada. Não vamos esquecer que Erenice Guerra foi derrubada por escândalos e logo depois estava lá, na posse da presidente Dilma, gozando de sua confiança. Ou de Carlos Lupi, que voltou ao governo depois de pedir demissão.
Aliás, a trajetória da “faxina” sempre foi a mesma: a imprensa apontava alguma denúncia, a pressão popular era grande, e o acusado pedia demissão, acatada pela presidente Dilma, que depois de um tempo fazia vista grossa novamente. Ou seja, a sujeira era apenas jogada para baixo do tapete até os holofotes da mídia mudarem o foco. Uma “faxineira” dessas não arrumava emprego em canto algum!
Já comentei aqui que o PT é tão ruim que faz a gente até ter simpatia pelo PMDB. Na verdade, o sonho da nossa esquerda radical, do PT e também do PSOL, é poder ignorar o PMDB e partir para uma “democracia direta”, nos moldes da venezuelana. Entre o PMDB fisiológico e o PT bolivariano, eu fico com o primeiro, mesmo que necessite da ajuda de um Engov…
Rodrigo Constantino
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