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O que pode ser feito?

Melhor acender uma vela que amaldiçoar a escuridão. – Confúcio

Muitas pessoas desiludidas com o país e o governo me perguntam o que fazer. Receosas de que o Brasil vire uma grande Argentina ou mesmo Venezuela, e sem esperanças na atual oposição, essas pessoas sentem que “algo” deve ser feito, mas não sabem exatamente o que.

Eis minha resposta curta e grossa: tudo aquilo que estiver ao seu alcance. Explico.

Na verdade, a pergunta é mais direcionada ainda: como um indivíduo pode propagar ideias em escala grande o suficiente para causar mudanças significativas no país? Se a pergunta é colocada dessa maneira, a resposta é: ele não pode. Ninguém pode mudar um país isoladamente, e tal reflexão poderá levar ao desespero.

Mas o problema inicial é por qual motivo a pergunta é assim colocada. Afinal, ninguém perguntaria a um médico no meio de uma epidemia se ele poderia tratar dos milhões de doentes para recuperar a saúde de toda nação. Todos saberiam que ele deveria tratar a maior quantidade possível de doentes, de acordo com o melhor de sua habilidade, e que nada mais do que isso seria possível.

Quando olhamos por esse prisma, a coisa muda de figura. O médico, sabemos, deve fazer tudo que puder, ainda que não existam garantias de que seu esforço isolado, por mais hercúleo que seja, vá erradicar a epidemia. Ao menos uma coisa ele terá: paz de consciência por ter feito o possível e o impossível.

Hoje o Brasil vive uma epidemia, uma doença. Não é nova, na verdade. Mas o PT ajudou a disseminá-la como ninguém antes. Falo do populismo autoritário, do aparelhamento da máquina estatal, da degradação de valores éticos e morais e a ameaça à própria democracia. Cada brasileiro consciente disso deveria agir como o médico acima.

Portanto, o que fazer? Tudo! Cada um tem habilidades específicas, vantagens comparativas. Que as utilizem como for possível. Escreve bem? Então escreva textos apontando os defeitos do governo e levantando alternativas. Tem recursos? Então ajude a financiar instrumentos que divulgam as boas ideias ou ofereçam uma alternativa política. Tem tempo? Então coloque-o a serviço desse nobre objetivo que é varrer o PT do governo, pelas urnas.

O que não podemos é ficar imóveis, praguejando, repetindo que somente o aeroporto é nossa saída. Se assim fizermos, os inimigos da liberdade terão o caminho ainda mais livre de obstáculos. Sentar no chão e chorar não ajuda. É preciso reagir.

Alguns reclamam dos partidos existentes como alternativa, com razão. O que fazer? Ora, estou ajudando na criação do Partido Novo, uma opção bem mais alinhada com meu pensamento liberal. Mas esse não é o único caminho. “Infiltrar-se” no PSDB e no DEM e tentar trazê-los mais para cá também é um esforço válido. O que não vale é condenar tudo e todos lá da “Torre de Marfim”. Isso não agrega nada.

Investir em ideias (“think tanks”) ou partidos de oposição? Ambos (sou presidente do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium). Adotar um tom mais pragmático de curto prazo ou divulgar valores mais abstratos de olho no longo prazo? Ambos. Usar um linguajar mais agressivo que sacode a letargia ou uma mensagem mais conciliatória e moderada para persuadir com sutileza? Ambos. Focar em aspectos culturais ou mais práticos e econômicos? Ambos.

Enfim, a guerra é muito desigual, o lado de lá desfruta da poderosa máquina estatal, dos aparatos culturais, de décadas de lavagem cerebral, de vastos recursos (ninguém mais rico do que socialistas!), da organização, da disposição de jogar sujo para se perpetuar no poder, da cara de pau para mentir descaradamente, do abuso do sensacionalismo etc.

Estão ganhando de goleada. Vamos debater o sexo dos anjos ou reagir? Vamos discutir se a melhor estratégia é o 4-3-3 ou o 3-5-2, ou vamos entrar em campo e jogar com garra? O tempo urge. Sim, “algo” precisa ser feito, logo. Então faça algo! Faça aquilo que for viável, estiver ao seu alcance.

Só não vale ficar de fora do jogo e depois criticar os jogadores e o juiz, após a humilhante goleada. Vide a Venezuela. O que pode ser feito, hoje, lá? Quase nada. Então vamos agir antes que seja tarde demais?

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