Reinaldo Azevedo ataca novamente em sua coluna da Folha. Uma vez mais, como lhe é de costume, com aquela coisa incômoda (para a esquerda) chamada argumento. Mostra a incoerência dos que posam de defensores dos “jovens idealistas” na luta por “justiça e liberdade”.
Chama a atenção, ao citar Robespierre, para o fato de que, se depender dessa gente – criminosos mascarados de um lado, e “intelectuais” e artistas endossando seus atos do outro – teremos um “progresso” tão fantástico quanto aquele dos tribunais de rua degolando todo mundo que discorda da linda revolução. Eis um trecho do artigo:
A guerra promovida pelas minorias organizadas se dá na esfera dos valores, é cultural. Seu campo privilegiado de batalha são as redes sociais. Já os “black blocs” –que, segundo Caetano Veloso, “fazem parte” (sei lá do quê)– são admirados por sua prontidão para o confronto físico, por seu muque, por sua descrença nas palavras. A truculência desorganizada das ruas seria uma resposta à violência institucional do Estado. Nesse novo mundo, pode-se ser “fascista” por comer um bife, mas não por rachar cabeças; por se opor às cotas raciais, mas não por depredar o Parlamento; por admitir o uso de animais em laboratórios, mas não por considerar “coisa” o feto humano.
Na quarta-feira, o Instituto Royal, o dos “simpáticos beagles”, anunciou o fechamento das portas. Militantes não querem mais que estudantes de medicina treinem traqueostomia em porcos. Médicos teriam de praticá-la, pela primeira vez, em humanos. Na nova ordem, o homem é o porco do homem. Nem George Orwell foi tão longe.
Pululam na imprensa candidatos a Jean-Paul Sartre desse humanismo estrábico. Falam de certo “malaise” social, de um mal-estar subterrâneo, de que os baderneiros seriam a manifestação visível. São obcecados pela tese de que o crime é um sintoma indesejável, mas fatal, da luta por justiça e de que o bandoleiro é só a expressão primitiva do libertador. Marcola seria, então, um Lênin que cometeu os crimes errados. Voltam-se até contra o PT, mas não por abrigar falanges da intolerância, financiadas com dinheiro público. Ao contrário! O partido, advertem, não teria avançado o bastante na agenda dos ditos vanguardistas. Cobram ainda mais intolerância.
Míriam Leitão concorda com a ombudsman na Folha: Reinaldo seria um “rotweiller”. Mas esse cão raivoso não merece, nem de perto, a mesma simpatia e tolerância dos beagles do Instituto Royal. São as prioridades da esquerda, que amam a Humanidade e até os bichos todos, menos os seres humanos de carne e osso, especialmente se forem de direita e focarem em argumentos.
Esses precisam ser detonados, atacados em covarde coro, pois “empobrecem o debate”, só rotulam. São uns agressivos, violentos, que não sabem dialogar. Ao contrário dos Black Blocs, claro! Esses são jovens românticos e participam de uma luta necessária, ainda que às vezes condenável pelos “excessos”.
Ou seja: Reinaldo e eu, cães raivosos que devem ser expurgados da mídia; criminoso mascarado que joga coquetel molotov na polícia, um revolucionário em busca de um “mundo melhor”. Quem ameaça a democracia e o debate civilizado é Reinaldo, não os defensores dos bárbaros mascarados. Assim caminha a insanidade. Assim é nossa esquerda caviar…