Ainda na ideia de que uma imagem pode valer por mil palavras, podemos ver abaixo a magnitude do “orçamento paralelo” do governo petista. O governo “descobriu” a máquina de crescimento perpétuo, ou assim ele pensa. Em que consiste isso?
O Tesouro emite dívida, o que aumenta a dívida bruta do país. Depois ele repassa esses recursos para o BNDES. Isso, por sua vez, não aumenta a dívida líquida do governo, pois ele tem débito de um lado, e crédito do outro.
Aí ele usa o BNDES para emprestar para os “campeões nacionais”, o que produz crescimento do PIB. A taxa de endividamento líquido segue em baixa, portanto, e o governo mostra uma fotografia linda para os investidores, que costumam observar justamente esse indicador (não estão acostumados com malabarismos tão primários mundo afora, para desconfiar dos dados oficiais).
Essa enorme e crescente “boca de jacaré” no gráfico mostra exatamente a expansão da malandragem contábil do governo. Se em 2006 a diferença entre a dívida bruta e a líquida era menor do que 10 pontos percentuais em relação ao PIB, hoje ela é de 25 pontos percentuais!
A dívida bruta tem se mantido razoavelmente estável em relação ao PIB, enquanto a líquida segue em trajetória de queda. Somente alguém muito desatento olha para o segundo dado, em vez de o primeiro. Até porque sabemos que esse crescimento do próprio PIB turbinado pelo crédito pode não ser muito sustentável.
Vamos lembrar que EBX, do empresário Eike Batista, foi uma das empresas agraciadas pelos bilhões do BNDES. Quantas outras podem ter problemas semelhantes à frente? O que acontece se o custo do capital subir no mundo, se a taxa de juros americana for puxada para cima (tema do próximo texto)?
Make no mistake: o Brasil está endividado sim. E se a situação não é calamitosa ainda, o quadro demanda atenção. Mas o governo prefere fingir que está tudo uma maravilha, pois ele foca na dívida líquida. Sua esperteza foi desmascarada faz tempo. Só ele acha que ainda engana alguém. Vem mais injeção de capital no BNDES aí, podem apostar…
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