Ao comemorar a marca de 500 mil barris no pré-sal, a presidente Dilma mostrou, uma vez mais, como o PT mistura totalmente estado com governo e este com partido. A presidente aproveitou a ocasião para fazer escancarada propaganda (enganosa) de sua gestão, como se, de fato, houvesse algo a ser celebrado na Petrobras atualmente.
A empresa perdeu cerca de metade de seu valor nos últimos anos, acumulou a maior dívida do planeta, não cresce produção total há anos e se vê mergulhada em infindáveis escândalos de corrupção. Mas eis que, para desafiar todos aqueles que me acusaram de paranoico por causa do vermelho no logo da Copa, a presidente, vestida de vermelho, resolveu usar uma estrela vermelha para marcar o recorde de produção. Pode isso, Arnaldo? Pura coincidência?
Dilma achou que era o caso de atacar concorrentes eleitorais, ignorando que a produção de petróleo era maior em 2010 do que é hoje. Dilma afirmou ainda que fatos isolados “não vão abalar a credibilidade e história da Petrobras”, em referência às recentes denúncias de corrupção e enriquecimento ilícito que envolvem os ex-diretores da empresa Paulo Roberto Costa, que voltou a ser preso, e Nestor Cerveró, e as investigações de pagamento de suborno pela SBM Offshore.
Casos isolados? Sei. Esperem até vir à tona mais detalhes de Abreu e Lima, da compra da refinaria no Japão, ou de outras obras da estatal, cujos gastos desafiam qualquer lógica financeira. Se até o ex-presidente da empresa admite que faziam “contas de padeiro” para aquisições bilionárias, quem sou eu para duvidar?
“Pessimistas se confrontam com a realidade de que a Petrobras produz hoje 500 mil barris por dia no pré-sal”, afirmou Dilma, que destacou muitas vezes que a maior riqueza que a companhia vai produzir no futuro com a exploração do pré-sal será para o povo brasileiro. Fazendo referência ao escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, Dilma afirmou que “o Brasil é a pátria com as mãos sujas de óleo” e afirmou que o pré-sal será uma oportunidade sem precedentes.
Dilma tem gostado muito de citar, direta ou indiretamente, Nelson Rodrigues. Deveria lê-lo! Um “reacionário” que sempre combateu a esquerda jurássica tão bem representada pela própria Dilma. O povo não quer sujar as mãos de óleo, presidente, mas sim parar de bancar a farra dos corruptos que se lambuzam com a estatal, além de impostos abusivos e um combustível dos mais caros do mundo. Não é tão difícil assim entender.
Por fim, a presidente ainda tentou alfinetar os adversários tucanos, ao mencionar a ideia de mudar o nome da empresa no passado: “Tornamos irreversível o papel estratégico da Petrobras, que passa a ser muito valiosa. Nunca mais a Petrobras, ‘bras‘ de Brasil, será transformada em ‘Petrobrax’. Transferir essa riqueza para o exterior não fazia sentido”. O que não faz sentido é transferir riqueza dos pobres trabalhadores para os ricos que se beneficiam da Petrobras estatal e partidária.
Rodrigo Constantino