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Pleno-emprego com seguro-desemprego recorde? Coisas do Brasil…

Estamos praticamente em pleno-emprego. É o que mostram as taxas oficiais de desemprego, em patamares mínimos históricos. Por outro lado, o gasto público com seguro-desemprego sobe sem parar, deixando o governo preocupado e levando o ministro Guido Mantega a pensar em mudanças para dificultar o acesso ao benefício.

O ministro afirmou que os gastos com seguro e abono variam entre R$ 45 bilhões e R$ 47 bilhões, algo em torno de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). E comentou ainda o fraco desempenho das contas do governo em setembro. O setor público registrou déficit primário de R$ 9,048 bilhões no mês, o que é o pior resultado da série histórica do governo. O déficit de R$ 11,8 bilhões da Previdência – que inclui o pagamento de abono salarial e do seguro desemprego – foi o grande responsável pelo rombo nas contas do governo central.

Como pode isso? Estamos diante de uma legítima jabuticaba, aquelas coisas que só no Brasil mesmo podem acontecer. Estaria a taxa oficial de desemprego errada, subdimensionando a quantidade de gente efetivamente sem emprego? Seriam as fraudes tão comuns que anulam os dados oficiais de emprego com carteira assinada? Seja lá qual for a explicação, isso não cheira nada bem.

Somando o crescente seguro-desemprego com o crescente gasto do Bolsa Família, podemos concluir que há muitos brasileiros, cada vez mais, dependendo de esmolas estatais para se manter. Pode isso ser sinal de uma economia saudável? Pode um governo diante desses dados celebrar o quadro econômico e de emprego? Só no Brasil, só o PT.

O ministro Mantega quer exigir curso como contrapartida já no primeiro pedido de seguro-desemprego. É bom. Todas as barreiras que puderem ser erguidas para dificultar o acesso a esse benefício devem ser feitas. Apenas aqueles que realmente necessitam deveriam solicitar o seguro-desemprego, tendo em mente que é uma ajuda temporária, não um ganho extra para o salário informal.

Pensei no filme “A luta pela esperança”, com Russell Crowe no papel do boxeador Jim Braddock, que virou símbolo da esperança ao dar a volta por cima em plena Grande Depressão. Há uma cena que mostra ele devolvendo o seguro-desemprego assim que consegue um emprego. Questão de caráter e de cultura. Outros precisavam mais do que ele, que tinha obtido algo estável além dos bicos.

Alguém consegue imaginar um brasileiro fazendo isso? Mais: alguém consegue imaginar um brasileiro fazendo isso e não sendo chamado de otário pela maioria das pessoas? Pois é. Isso diz muito sobre nossa cultura. Quando o próprio mecanismo de incentivos não ajuda, temos uma combinação explosiva. Podemos resumir isso em uma fórmula matemática: Paternalismo estatal + cultura da malandragem = jabuticabas podres!

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