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Pnad: avanços do PSDB e do PT, mas em passos de cágado
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O jornal GLOBO deu grande destaque hoje ao estudo divulgado pelo Pnad sobre vários indicadores econômicos e sociais dos últimos anos. Seguem um trecho, volto depois com meus comentários:

Há anos uma disputa toma conta do debate político nacional: o que mudou mais o Brasil, a década dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, entre 1992 e 2002, ou a das gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff? Ou, colocado de forma mais sintética: o PSDB ou o PT? Nos últimos anos, incontáveis discursos e peças publicitárias foram feitos para tentar fazer valer um ou outro ponto de vista. A partir da divulgação, há duas semanas, da mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, referente a 2012, O GLOBO traçou uma comparação dos avanços, e eventuais retrocessos, ocorridos nas duas últimas décadas. Com base nos números, é possível afirmar: os tucanos foram os responsáveis por avanços mais sólidos na Educação, na expansão de serviços públicos e na ampliação dos bens de consumo básicos, enquanto os petistas tiveram resultados sensivelmente melhores nos indicadores relacionados ao trabalho, à renda e à redução da desigualdade social. 

No total, foram comparados cerca de 130 indicadores levantados anualmente pelo IBGE. Isso permite uma análise do Brasil que Itamar Franco recebeu de Fernando Collor de Mello em 1992 — já que o mineiro foi empossado em outubro daquele ano e colocou tucanos em postos-chave —, da situação deixada por Fernando Henrique para Lula no fim de 2002 e dos avanços obtidos pelo PT até o fim do ano passado. Para permitir uma análise fiel dos dados, a reportagem utilizou números do IBGE que excluem os dados recentes referentes à área rural da Região Norte, zona que só começou a ser pesquisada na PNAD em 2004.

O que se pode concluir com base nisso? Em primeiro lugar, que o PT mente descaradamente quando diz que o Brasil praticamente começou com sua gestão, e coloca os “últimos 500 anos” no mesmo saco. Na verdade, o Brasil melhorou em vários indicadores sociais desde a era FHC. Em alguns importantes, até mais naquele período.

Segundo, que há alguns motivos para afirmar que nem tudo é desgraça no país, apesar de percepção de que as coisas vão mal, muito mal. O fato é que o Brasil até avança, mas em passos de cágado, em uma lentidão desesperadora para quem tem mais ou menos noção do que precisaria ser feito para avançar bem mais rápido (reformas liberais).

O Brasil é campeão das oportunidades perdidas. E aqui vem o terceiro ponto: é preciso contextualizar os dois períodos em questão. Durante a era FHC, o mundo emergente foi o epicentro das crises internacionais, com a Ásia em 1997 e a Rússia em 1998. Isso afetou diretamente nossa economia.

Já na era Lula, a crise de 2008 teve como epicentro os países desenvolvidos que, como reação, tomaram medidas que favoreceram os emergentes. Isso sem mencionar o fator China, que nesse período mais recente foi fundamental para o Brasil.

Logo, estamos comparando um pouco banana com laranja. Os dados mostram que o Brasil avançou mais durante a era FHC em vários indicadores, mas isso ocorreu a despeito do cenário internacional mais adverso. Já na era Lula/Dilma, os avanços, principalmente no emprego e na distribuição de renda, foram possíveis por causa do quadro externo favorável.

Vale notar que, mesmo assim, o PT comprometeu nosso futuro usando essa janela de oportunidade para estimular medidas insustentáveis. Distribuir renda e manter empregos com estímulos de crédito público não são políticas duradouras. Tem data de validade. Hipotecam o futuro.

O Brasil precisa resgatar uma agenda de reformas, ainda mais radical. Nossa produtividade não cresceu quase nada nos últimos anos. As conquistas, que já foram limitadas, ainda mais se comparadas aos demais países emergentes, estão em xeque.

Não há tanto assim o que comemorar na pesquisa do Pnad. Sim, avançamos alguma coisa. Sim, isso vem ocorrendo desde FHC. Mas avançamos muito pouco, e até retrocedemos em campos importantes nos últimos anos. Está na hora de abraçar uma agenda liberal de reformas estruturais para colocar o Brasil na rota de um crescimento maior e mais sustentável.

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