![Populismo improdutivo Populismo improdutivo](https://media.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/2013/08/constantino-homepage-768x512-6bfb3e7a.png)
O economista Raul Velloso fez um bom resumo do triste filme que nos trouxe até aqui, nessa situação de baixo crescimento, inflação resiliente e parcos investimentos. Após forte estímulo ao consumo, o governo não foi capaz de criar as condições para atrair investimentos produtivos. Por trás disso, jaz esse populismo presente em cada medida do governo:
Temo, assim, que boa parte da explicação do pífio desempenho da economia de 2009 para cá esteja na excessiva interferência do governo, algo que se acentuou após a crise, e que poderia perfeitamente ser evitado. Crise que, aliás, foi usada como bode expiatório para justificar o forte incremento nos gastos da União e dos empréstimos do BNDES financiados com a emissão de títulos públicos. Passado o pior, o governo resiste em retirar os instrumentos de exceção.
Nesse contexto, uma ampla lista de ingerências governamentais, com nítido cunho populista, contribuiu para a redução das intenções de investimento. Tal comportamento pautou não apenas parte das empresas localizadas no País, como investidores em potencial, internos ou externos. Um deles foi o congelamento dos preços dos derivados de petróleo, que levou à forte expansão de seu uso, aumento das importações e queda no consumo de etanol, prejudicando a Petrobras e o setor alcooleiro.
Outro foi a redução das tarifas de energia elétrica na confusa operação em que as empresas em final de prazo de concessão foram estimuladas a aderir ao plano do governo, em troca de mais uma renovação. Outro item, ainda na área de controle de preços, foi o adiamento do reajuste das passagens de ônibus urbanos que o governo pediu às principais prefeituras no início do ano, tudo isso implicando a necessidade de uma inflação corretiva entre 2 e 3% ao ano, que, como na Argentina, não aparece nas estatísticas oficiais e aguarda diluição.
Além do excessivo intervencionismo arbitrário, o governo abandonou o tripé da era FHC, de câmbio flutuante, meta de inflação e superávit fiscal. Se o tripé ainda não foi completamente abandonado, ele está em vias de, e os investidores acusam o golpe com antecedência. Mesmo assim, o governo precisa do setor privado para realizar os investimentos, principalmente em infraestrutura. E o que ele faz? Intervém abusivamente uma vez mais:
Não se pode esquecer a novela das concessões privadas de infraestrutura. O governo sabe que não tem recursos para investir em transportes, se empenhou no lançamento de um parrudo programa de concessões, mas insiste em impor retornos inaceitáveis e outras práticas afugentadoras dos candidatos sérios. Assim não dá.
Em suma, o roteiro é conhecido. Resta saber se esse governo está disposto a reverter o quadro. Considero isso pouco provável. Os mercados financeiros podem ter se animado nos últimos dias, em boa parte pelo efeito China surpreendendo positivamente com dados econômicos, e alguma tranquilidade maior interna. Mas eu não me iludiria, pois é cedo demais para celebrar: os pilares de nossa economia são muito frágeis, graças a esse “populismo improdutivo” resumido por Raul Velloso.
-
Novo embate entre Musk e Moraes expõe caso de censura sobre a esquerda
-
Biden da Silva ofende Bolsonaro, opositores e antecipa eleições de 2026; acompanhe o Sem Rodeios
-
Qual o impacto da descriminalização da maconha para os municípios
-
Qual seria o melhor adversário democrata para concorrer com Donald Trump? Participe da enquete
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião