Saiu a tão esperada “lista do Janot”, com dezenas de parlamentares oficialmente investigados pelo MP por envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras, entre eles os presidentes do Senado e da Câmara, assim como oito petistas. A crise institucional é gravíssima, a governabilidade está ameaçada e a podridão espirrou na própria presidente, já que Palocci foi citado por suposto uso de recursos ilegais na campanha que coordenou para Dilma. O quadro é grave, e advogados respeitados como Ives Gandra já falam em impeachment, e outros como Miguel Reale Jr. clamam pela renúncia da presidente.
O PSDB teve um único membro citado na lista. Trata-se de Anastasia, braço-direito de Aécio Neves. Vale notar que ainda não é culpa, mas abertura de investigação por indícios de crimes. Também é importante separar o joio do trigo, e não misturar quem eventualmente fez uso de recursos ilegais na campanha com quem montou um propinoduto dentro da Petrobras para canalizar centenas de milhões aos cofres do partido. Ainda assim, Anastasia sendo citado representa, sem dúvida, uma sombra sobre o PSDB, o que talvez explique a postura de FHC. Segundo a Folha, o ex-presidente teria dito a aliados admitir uma aproximação com Dilma (o que ele negou em sua página de Facebook).
O tucano não é bobo, e vai aguardar a magnitude das manifestações do próximo dia 15 de março para avaliar a possibilidade de tal aproximação. Adianto aqui que seria a pá de cal no PSDB, a prova definitiva de sua covardia diante da ameaça petista. FHC já carrega nos ombros a responsabilidade de ter poupado Lula em 2005 durante o mensalão. Se o partido ajudar a assar uma pizza no petrolão, em nome da suposta “preservação das instituições”, então pode dar adeus ao seu papel de oposição, que já é questionável.
Mas uma coisa chama a atenção nisso tudo: a ausência de Marina Silva. Por onde anda aquela que recebeu milhões de votos nas eleições e repetia tanto a importância da bandeira ética e da “nova política”? Está muito sumida. Por que Marina não vem a público expressar suas opiniões, sua eventual revolta com o petrolão, com os parlamentares envolvidos no esquema, com o estelionato eleitoral de Dilma, com tudo isso que estamos vendo estarrecidos? Não temos visto entrevistas da “verde” nos principais jornais. O que se passa?
Marina não pode se eximir de seu papel político numa hora dessas. Não pode calar diante da seriedade do momento, talvez de olho na parcela de eleitores da esquerda que ainda nutre alguma simpatia pelo PT. Ela deveria se manifestar abertamente contra qualquer tentativa de acordo entre governo e “oposição”, cobrando independência dos órgãos estatais para que levem as investigações até às últimas consequências. Só o fim da impunidade pode salvar o Brasil. E qualquer um que ouse falar em nome da ética tem obrigação moral de defender punições severas para todos os culpados no petrolão. Doa a quem doer…
Rodrigo Constantino
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