Alguns leitores caem no maniqueísmo da própria esquerda e alegam que não há vida inteligente e/ou honesta na esquerda. Discordo. Reconheço na social-democracia europeia, por exemplo, uma esquerda legítima, civilizada, da qual posso discordar, mas sempre com respeito e aberto ao diálogo.
Cá no Brasil temos nossos representantes dessa esquerda inteligente. Um deles é o sociólogo Demétrio Magnoli. Por ser um duro crítico das cotas raciais (e como defendê-las, de fato?), e por não abraçar o revolucionário marxismo, isso já foi suficiente para que a esquerda radical lhe “acusasse” de conservador, direitista, etc. Se chamam até o PSDB de “neoliberal”, vamos esperar o que dessa turma?
Em sua coluna de hoje na Folha, Demétrio provou, uma vez mais, que faz parte dessa esquerda civilizada. Atacou o uso “apaixonado” que a própria esquerda costuma fazer das nossas estatais, e escreveu um excelente resumo de por que devemos privatizar essas empresas:
A paixão reativada pelas estatais é um indício, entre outros, da regressão política e intelectual da esquerda brasileira. O amor à Petrobras –que corresponde, no plano iconográfico, à associação das imagens de Vargas e Lula– revela uma dupla renúncia: à revolução socialista e ao horizonte democrático de universalização de direitos sociais. No lugar daquelas metas de um passado esquecido, a esquerda entrega-se a um projeto restauracionista que obedece a razões de poder. No capitalismo de estado, descobriu o lulopetismo em sua jornada rumo ao Palácio, as estatais oferecem ao governo as chaves de comando da política e da economia.
O amor recente às estatais é uma história de conveniência, não de paixão ideológica. Do ponto de vista do lulopetismo, as estatais funcionam como portas de entrada na esfera das altas finanças. Controlando mercados, formando parcerias de negócios ou adquirindo equipamentos, elas fornecem as ferramentas para a subordinação do empresariado ao governo. Servem, ainda, como porto seguro para aliados políticos e como nexos entre a militância partidária/sindical e a tecnoburocracia estatal. Finalmente, operam nas catacumbas da baixa política, transferindo recursos a empresas de publicidade selecionadas, financiando “movimentos sociais” e pagando os serviços baratos do “jornalismo” chapa-branca.
Os bolivarianos, que dão à esquerda uma péssima fama, passaram a ver nas estatais um ótimo instrumento de poder e corrupção. Desconheço forma melhor de evitar tais riscos do que a privatização. Privatizando, o instrumento não está mais lá para ser usado e abusado ao bel prazer de políticos populistas e corruptos.
O petróleo é nosso? Sério que alguém ainda cai nessa depois de tantos escândalos de corrupção na Petrobras, depois de ver o que a PDVSA virou na Venezuela e fez pelo avanço do chavismo que destruiu o país? O “capitalismo de estado”, expressão que não gosto, pois mancha o nome do capitalismo, simplesmente não funciona.
A saída é o capitalismo liberal, ou seja, o livre mercado com empresas privadas competindo em ambiente dinâmico com regras do jogo claras e igualmente válidas para todos. O resto tende a ser desculpa para a manutenção de privilégios daqueles “amigos do rei” que se lambuzam com as falcatruas das estatais. Privatize já!
Rodrigo Constantino
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