Seres humanos não são insetos gregários, felizmente. São diferentes em suas ambições, habilidades, vocações, sorte. Só há uma maneira de tornar iguais indivíduos tão diferentes: abolir com suas liberdades, como fez todo regime socialista. Nem assim chegou-se à igualdade, pois a cúpula do poder sempre gozou de imensos privilégios, enquanto todos os demais eram igualmente miseráveis e escravos.
Não obstante, o foco crescente nos debates tem sido a questão da desigualdade. O sucesso de Thomas Piketty atesta isso. Muitos encaram a economia como um jogo de soma zero, em que Pedro é rico por que João é pobre. Nada mais falso: o capitalismo é capaz de levantar a maré toda, permitindo que todos os “barcos” subam de nível com os ganhos de produtividade no tempo. É o que mostra estudo recente da OCDE que abarca dois séculos de análise.
A altura média aumentou em todos os países, a renda per capita experimentou saltos incríveis no período, a alfabetização saiu de míseros 12% em 1820 para 83% em 2010, a expectativa de vida mais que dobrou em tudo que é canto, etc. Qualquer pessoa minimamente imparcial estaria destacando essas fantásticas conquistas, possíveis graças ao capitalismo (tanto que os mais atrasados são justamente os mais distantes do capitalismo, como os países africanos e latino-americanos).
Não foi o que fez a reportagem do jornal O GLOBO. Com enorme destaque já no título, eis a mensagem que preferiu disseminar: Desigualdade entre países avançou no mundo entre 1820 e 2010, diz OCED. Embaixo, com letras bem menores, podemos ler: Qualidade de vida, no entanto, melhorou, aponta estudo da OCDE sobre 25 países entre 1820 e 2010.
Só mesmo esse viés ideológico, essa obsessão pela desigualdade, faria alguém dar um destaque tão maior ao fator relativo diante de conquistas absolutas tão expressivas assim. Milhões de vidas salvas, vivendo mais e melhor, com mais riqueza disponível, e tudo que conseguem notar é que uns melhoraram mais do que outros?
Se ainda fosse para constatar os motivos disso, para mostrar que os atrasados ficaram em situação menos favorável justamente por terem menos capitalismo, vá lá. Mas sabemos que é o contrário: que a mensagem que fica para muitos é a de que é preciso avançar com o estado sobre os que melhoraram mais para beneficiar os que melhoraram menos em nome da igualdade. Eis o que desejam Piketty e todos os marxistas. Como se tirar riqueza dos americanos e dar para africanos fosse receita de sucesso.
Se dependesse dessa turma, essas conquistas seriam bem menores nesse período que inclui a revolução industrial capitalista. Afinal, logo no começo o foco na desigualdade seria tão grande que vários obstáculos ao crescimento seriam impostos, e haveria menos desigualdade, mas muito mais miséria. É isso que queremos?
Rodrigo Constantino
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