Minha série “doutrinação marxista nas universidades” tem mostrado vários exemplos concretos de tentativa de lavagem cerebral no meio acadêmico. Infelizmente, não se trata de um caso isolado, ainda que no Brasil a coisa esteja em patamar realmente absurdo. Mas o fenômeno ocorre nos Estados Unidos também.
É o que mostra Roger Kimball em seu excelente livro Radicais nas Universidades, de 1990. Desde então, tudo piorou muito. A seguir, alguns trechos da revisão que o autor fez em nova edição em 1998, e parte da introdução original.
“A ideia de que o currículo deva ser alterado de acordo com qualquer propósito partidário é uma perversão do ideal da universidade. O objetivo de converter o currículo em um instrumento de transformação social (de esquerda, direita, de centro ou o que seja) é o exato oposto do ensino superior.” (John Searle, 1991)
[…] a insistência do professor Searle para que o currículo não seja reduzido a uma ferramenta de propaganda partidária, “de esquerda, direita, centro ou o que seja”, é agora largamente considerada irremediavelmente inocente ou insidiosamente reacionária.
Agora, mais do que nunca, aqueles que dominam a discussão na academia estão empenhados em tirar o crédito dos ideias de objetividade e pesquisa desinteressada, injetando política no cerne do empreendimento educacional.
A política em questão é a da vitimização. Cada vez mais, o estudo acadêmico é organizado não em torno de critérios intelectuais, e sim para simplesmente servir de instrumento às exigências dos vários grupos “marginalizados” politicamente aprovados.
Como a maioria das tiranias modernas, a ditadura do politicamente correto usou e abusou da retórica da virtude em seu esforço para impor conformidade e dissenso silencioso. Isso é, em parte, o que a torna tão sedutora.
[…] a verdade é que o que hoje presenciamos é nada menos que a destruição das premissas fundamentais que subjazem à nossa concepção tanto de educação liberal quanto de uma sociedade democrática e liberal.
[…] como salientou o filósofo Roger Scruton, que “o currículo radical não é tanto um currículo reformado quanto um anticurrículo”, projetado para sabotar as humanidades, ao redefini-las como uma espécie de pregação política ressentida.
John Ellis, professor emérito de Literatura Alemã, falou muito bem quando observou que “o marxismo está para a esfera econômica assim como o politicamente correto está para a esfera cultural”. Assim como o primeiro prometeu abundancia e por toda parte espalhou penúria e destruição, o segundo promete maior liberdade e diversidade e acaba por demandar um conformismo cego tanto em questões intelectuais quanto morais.
O ímpeto antiocidental e (em particular) antiamericano de tanto radicalismo acadêmico tem suas origens em um utópico romantismo que remonta pelo menos a Rousseau. Foi desastroso então e é desastroso agora. Como observou o proeminente historiador Jacques Barzun, “o obscurantismo atual, que ataca a tradição ocidental com o ardor de censura, não vem daqueles supostamente não representados pelo currículo, mas dos acadêmicos e outros intelectuais que são representados e odeiam a sua própria herança.
O aspecto mais irônico de todo esse fenômeno é que o que aparece para os adeptos bravamente antiocidentais faz parte, na verdade, da longa tradição do Ocidente de autoavaliação. […] Nenhuma civilização na história foi tão consistentemente autocrítica quanto o Ocidente. O próprio conceito de “etnocentrismo”, usado como uma marreta para rebaixar o Ocidente, é uma invenção ocidental. […] Obviamente, o Ocidente não é perfeito, mas a perfeição não é dada à humanidade. E a insistência em que a perfeição deve ser alcançada é uma fórmula para engendrar miséria.
[…] a história que esta edição de Radicais nas universidades conta é a mesma: uma infeliz fábula de chicana intelectual, negligência pedagógica e irresponsabilidade moral. Um espetáculo certamente desagradável, mas cuja persistência torna ainda mais urgente a crítica renovada.
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