Pergunto ao leitor: quem lê a Folha? Por acaso é o morador de rua? Quem sabe o miserável que depende de esmolas e vive em uma pocilga qualquer? Não, né? O público-alvo da Folha não é exatamente o pessoal “sem-teto”, certo? Então por que o jornal contratou como colunista o líder do movimento, Guilherme Boulos? A quem ele se dirige em suas colunas? Responder essa simples pergunta é suficiente para fazer o “encanto” de parte das elites com o MTST desmoronar…
Foi o que fez Reinaldo Azevedo em sua coluna no mesmo jornal hoje. O tema tem tudo a ver com meu livro sobre a “esquerda caviar”. Os revolucionários comunistas ou anarquistas jamais saíram do proletariado, da classe operária. Eram todos herdeiros, filhos de classe média ou alta, ou gente que vivia de suas mesadas, como o próprio Marx. Nunca tivemos revolucionários do andar de baixo. Fidel, Mao, Lênin, Pol-Pot: todos tinham posses e estudaram em boas escolas.
O que em Lula encantou tanto “intelectual” foi justamente o fato de ser um simples operário, alguém que admitia não ler, não se instruir. Era o “intelectual orgânico”, um humilde “torneiro mecânico”, sindicalista, e bastava falar qualquer bobagem, como até elogiar a determinação de Hitler, para levar ao orgasmo “pensadores” como Marilena Chauí, que via um mundo mais iluminado a partir da saliva do operário.
Lula não era comunista, de fato. Era oportunista. Queria dinheiro e poder. Conseguiu ambos. Aburguesou-se por completo, e hoje degusta das benesses capitalistas que só os magnatas possuem. Boulos, ao contrário, fez o caminho oposto: é filho de classe média alta e tem formação intelectual, mas mesmo assim preferiu ser “revolucionário” em nome da “igualdade”.
O narcisismo e o poder podem ser drogas mais poderosas do que o dinheiro. A sensação de ser um redentor, um profeta, é um entorpecente e tanto. Como diz Reinaldo Azevedo: “Ele nos devolve ao refinado Iluminismo francês. Os seus sem-teto são os ‘sans-cullotes’ das fantasias jacobinas –que são, desde sempre, fantasias… burguesas!”
Bota burguesas nisso! O povo trabalhador não tem tempo para viver de “protestos” e invasões, não pode se dar ao luxo de brincar de revolucionário praticando crimes. Precisa… trabalhar! Boulos fala a uma elite culpada, covarde, em busca de emoção, aventura, algo que a tire de seu tédio ou seu sentimento de culpa por suas posses. É o sintoma de uma época doente, pusilânime, medrosa, hipócrita. Por isso Boulos é colunista da Folha, e não do Povo.
Rodrigo Constantino
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