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Resposta do senador Humberto Costa, e minha tréplica.

A assessoria de imprensa do senador Humberto Costa (PT) enviou resposta ao meu artigo aqui publicado ontem, sobre sua entrevista na Globonews acerca dos médicos cubanos. Vou publicar a carta, com minha tréplica. Ele em vermelho, eu em azul.

“A respeito da coluna ‘Ainda os médicos cubanos: Humberto Costa precisa de óleo de peroba!’, publicada no seu blog em Veja Online, a assessoria de imprensa do senador Humberto Costa (PT-PE) gostaria de prestar os seguintes esclarecimentos, em razão da verdade dos fatos, apesar de eles poderem contrariar algumas convicções ideológicas:

1 – Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), Cuba apresenta alguns dos melhores indicadores em saúde pública entre todos os países, mesmo sob um embargo econômico que dura 52 anos. A reconhecida experiência dos profissionais cubanos na área de atenção básica é o que será aproveitado pelo Brasil com a chegada dos médicos oriundos daquele país, que têm vivência de missões internacionais e virão para cá voluntariamente. Vale ressaltar que o trabalho de médicos cubanos no Brasil por meio de acordo dessa natureza não é novidade. Na década de 90, a maioria dos médicos da atenção básica em Roraima, no Tocantins e em alguns Estados do Nordeste era de Cuba;

Segundo dados oficiais concedidos por uma ditadura, um regime fechado que não permite averiguação por parte da própria OMS… Assim deveria ter começado a carta o senador, “em razão da verdade dos fatos, apesar de eles poderem contrariar algumas convicções ideológicas”. Quando ele diz “mesmo sob um embargo econômico”, não posso ignorar o avanço ideológico dos petistas: agora celebram a globalização e o comércio com os “imperialistas” ianques! Houve progresso: sabem que praticar comércio com americanos é positivo para o país. Mas insistem no Mercosul “bolivariano”, vai entender! Sobre a experiência dos cubanos na atenção básica, resta perguntar: não temos enfermeiros brasileiros que poderiam fazer isso? Esses cubanos, quatro mil, falam português fluentemente? Como?

2 – Os acordos firmados entre Cuba e Bolívia e Cuba e Venezuela não se confundem com o ‘Acordo de cooperação técnica para ampliar o acesso da população brasileira à atenção básica em saúde’, firmado entre o Brasil e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da OMS para as Américas, que avalizou os termos do contrato. Ou seja, não se trata de um acordo bilateral entre países, mas, sim, de um acordo firmado entre o Brasil e uma instituição internacional vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU);

Sim, é um acordo que usa um órgão internacional como intermediário, cujo resultado é exatamente o mesmo: nosso governo usando os nossos impostos para “alugar” médicos, ou escravos, de um regime ditatorial feudal, que retém para si o grosso do salário desses profissionais. Até onde sei, escravidão com uso de intermediário ainda é escravidão. O tráfico de escravos contava com a intermediação dos próprios africanos no passado, e nem por isso deixava de ser abjeto. O governo brasileiro sabe que está pagando a uma ditadura que controla tais indivíduo, que não escolhem voluntariamente coisa alguma naquela ilha-presídio (até hoje defendida pelo PT).

3 – O teste do Revalida, nesse contexto, não é aplicável, uma vez que os profissionais estrangeiros vindos ao Brasil por meio do Mais Médicos terão a atuação circunscrita às funções e às áreas previamente determinadas pelo Governo Federal brasileiro. Esses médicos serão submetidos a testes antes de começarem a trabalhar e ficarão sob o acompanhamento de universidades. Revalidar o título estrangeiro que possuem seria dar a eles o direito de atuar permanentemente e a qualquer tempo em todo o território nacional, o que fugiria do espírito do programa;

Por que não é aplicável o Revalida? Por que as funções não são exatamente de médicos? Então por que precisamos de médicos estrangeiros para elas? Há uma contradição aqui: ou precisamos de médicos, e para tanto devemos aplicar o teste Revalida para verificar a capacidade desses profissionais, ou não precisamos de médicos experientes, e assim não deveríamos trazê-los, de Cuba ou qualquer outro país. 

4 – Em nenhum momento, pretende-se tratar como “vilões”, como diz o senhor, os médicos brasileiros. O senador Humberto Costa é médico psiquiatra, foi Ministro da Saúde de 2003 a 2005 e sempre teve nos colegas de categoria a base sobre a qual se pode construir um sistema público de saúde que atenda, de maneira efetiva, a todos os brasileiros;

Quem se sente tratado como vilão é o próprio médico brasileiro, com toda razão! Basta ver as manifestações, os artigos, as cartas, a revolta. Há uma campanha demagógica de difamação da categoria como se ela fosse a responsável pela péssima situação de nossa saúde pública, e não o governo, que não investe como deveria, que não sabe gerir hospitais, que desvia recursos que deveriam comprar ambulâncias etc. Acredito que o médico Humberto Costa não goza, no momento, de muito apoio entre seus pares.

5 – É importante ressaltar, igualmente, que o senador Humberto Costa é relator da comissão mista do Senado criada para discutir formas de financiamento para o SUS, que perdeu substantiva fonte de custeio desde o fim da CPMF. O entendimento é de que, a partir do momento em que for definido um percentual específico no Orçamento-Geral da União para ampliar o custeio da saúde, pode-se avançar em melhorias e investimentos na rede pública, bem como na discussão sobre a valorização dos profissionais de saúde.

Essa tentativa de justificar o péssimo estado de nossa saúde pelo fim da CPMF não cola! Os recursos estão lá, disponíveis! O governo é incompetente, tem prioridades equivocadas, torra bilhões em arenas esportivas superfaturadas, em esmolas assistencialistas para compra de votos, em “Bolsa Empresário” via BNDES. Colocar a culpa do problema no fim da CPMF é um absurdo, um desrespeito à nossa inteligência. Sempre pedem mais recursos, e os serviços só pioram! Chega de promessas falsas!

Reitera-se, por oportuno, a confiança do senador Humberto Costa no programa Mais Médicos e a sua convicção de que serão extremamente positivos os resultados em favor da população brasileira que vive em regiões com escassez ou ausência daqueles profissionais.

Assessoria de imprensa do senador Humberto Costa”

Reitera-se a desconfiança total deste blogueiro no programa Mais Médicos e nessa importação de “médicos” cubanos, que transfere recursos do trabalhador brasileiro para um ditador assassino. Como, aliás, foi feito antes com o perdão das dívidas de ditadores africanos. Há, como se pode ver, precedentes nesse ato altamente condenável.

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