Acabou nesse domingo mais um Rock in Rio. O evento foi novamente um sucesso sob todos os aspectos: organização, público, animação. Cada um poderá apresentar sua crítica, claro. Em evento desse porte, perfeição não existe. Muitos reclamam que de rock mesmo há pouca coisa. Os organizadores já explicaram que a marca ganhou outra proporção, e hoje abrange vários estilos.
Só que não é nada disso que quero falar. Eis o que eu gostaria de dizer: o RiR é um sucesso empreendedor. Isso é inegável. Idealizado pelo empresário Roberto Medina, com sua primeira edição em 1985, ganhou o mundo e outra dimensão. Já foi realizado em Lisboa, em Madri, e deverá ser feito em Las Vegas também. Tornou-se um dos maiores eventos musicais do planeta. Tudo por mérito de alguns empreendedores brasileiros.
É verdade que os organizadores foram buscar apoio na Lei Roaunet. Mas faz parte. O instrumento existe, até estilista de moda usa, por que um evento desse tamanho não poderia se aproveitar também? O que pode estar errado e deve ser discutido, se for o caso, é o próprio instrumento em si. Mas, uma vez que ele está lá, parece-me injusto criticar o empresário que faz uso dele de forma legal e legítima.
Também é verdade que a prefeitura ajuda com a organização. Mas um evento desse porte demanda auxílio estatal, naturalmente, pois altera a vida de milhares de pessoas na cidade, complica o trânsito, envolve riscos de segurança, tudo isso. Dentro, deve ter apenas segurança particular. Mas nada mais normal do que o governo fornecer segurança nas redondezas (essa parte costuma falhar).
O que importa é o seguinte: tudo correu muito bem, o evento é lucrativo, gera felicidade para milhares de pessoas, virou um fenômeno mundial, e graças a empreendedores com o desejo de lucrar. Alguém imagina algo semelhante ocorrendo pela via estatal? Alguém realmente acha que seria possível ter um Rock in Rio da vida fruto de governo?
Na verdade, quando o governo se mete é para prejudicar e tentar impedir o evento. Logo depois do fim do primeiro Rock in Rio, a “Cidade do Rock” foi demolida por ordem do então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. A organização do festival pediu ocupação provisória do terreno, com o intuito de manter a sua posse, após o fim do evento. No entanto, Brizola decretou sua demolição para efetuar a reintegração de posse do terreno patrimônio do município do Rio de Janeiro.
Nessa última versão, tivemos um procurador tentando suspender o evento com base em laudos de fiscalização da vigilância sanitária. O governo enxerga um festival desses como oportunidade para tirar casquinhas, criar dificuldades legais para vender facilidades ilegais, ou surfar de carona na onda do sucesso. Mas é a iniciativa privada que torna tudo possível.
Roberto Medina merece o reconhecimento por seu feito. Não é para qualquer um, muito menos para o governo. Podemos reclamar de uma coisa ou outra, da popularização que sacrifica a qualidade (ainda assim havia muitas bandas de qualidade inquestionável), etc. Eu, particularmente, reclamo só dos fogos de artifício na madrugada, após o encerramento de cada dia de show, pois como moro relativamente perto do local, acabo despertando do meu valioso sono.
Fora isso, um espetáculo e tanto. Puro entretenimento. Bela organização. E merecido lucro para os empreendedores por trás de algo tão grandioso. O brasileiro tem que aprender a admirar aquilo que dá certo também. O Rock in Rio é um claro exemplo de algo que deu certo. Parabéns, Medina!
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