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Socialista começa muito mal no Chile…
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Fonte: GLOBO

Quatro governadores nomeados pela presidente Bachelet renunciam aos cargos sob pressão das redes sociais, por conta de envolvimento em escândalos passados:

Depois de ter sido pressionada para afastar quatro vice-ministros de seu gabinete antes mesmo da posse, por críticas internas e externas, a presidente chilena, Michelle Bachelet, teve de encarar em sua segunda semana de governo a renúncia de quatro governadores por suspeitas de irregularidades em suas atuações no passado que, em alguns casos, levaram a processos judiciais. Os cargos são designados diretamente pelo chefe de Estado. Na visão de analistas locais, a situação dos governadores foi um “alerta” para Bachelet sobre a extrema sensibilidade dos chilenos em relação a possíveis casos de corrupção e mau desempenho da função pública.

Em meio a uma intensa campanha nas redes sociais, apresentaram suas renúncias os governadores da Ilha de Chiloé, Claudia Plascencio, acusada de ter recebido dinheiro do programa de proteção social, apesar de ter um trabalho estável; de Ñuble, Cristián Fernández, criticado por sua atuação como prefeito de uma pequena localidade; Salvador Delgadillo, da província de Santiago, que enfrenta processos por desvio de fundos públicos e o governador de Antofagasta, Hernán Vargas, questionado por receber uma pensão como vítima da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Ainda é cedo para se falar em crise, mas o alerta deve ser levado a sério. O Chile é o país mais avançado do ponto de vista institucional na América Latina, em boa parte, justiça seja feita, pelas mudanças realizadas durante a ditadura de Pinochet (o que, nem preciso dizer, não justificam nem inocentam seu regime; algo que os comunistas acham que as “conquistas sociais” mitológicas de Cuba fazem pela ditadura dos Castro).

Mas é inegável que as reformas tiveram começo lá. O Chile foi o mais agressivo nas privatizações, incluindo o sistema previdenciário, que permitiu um modelo de poupança sustentável inexistente nos demais países da região. Tudo isso após o completo fracasso econômico do socialista Allende.

Quando o país foi redemocratizado e a esquerda voltou ao poder, já era uma esquerda diferente, mais civilizada, deixando para trás o discurso radical socialista e sequer ousando mexer nas “vacas sagradas” da economia, conquistas ainda da era Pinochet.

Sebastián Piñera, um rico empresário com discurso mais liberal, fez um governo razoável, e o Chile apresentou bons números econômicos. Ainda peca pela educação com qualidade questionável, e muitos criticam a desigualdade, ainda que o foco devesse ser a pobreza em termos absolutos (já que rico não é rico porque pobre é pobre, apenas a inveja explica alguém dar mais atenção ao hiato entre ambos do que ao nível de miséria em si).

Agora a socialista Bachelet está de volta ao poder. Dessa vez com um discurso mais igualitário, raivoso, radical. Será o grande teste institucional chileno, em uma época em que a América Latina está cada vez mais segregada entre bolivarianos e países com mais respeito à democracia e ao mercado. Como podemos ver, começou muito mal…

Rodrigo Constantino

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