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O escritor Ruy Castro usou seu espaço na Folha para atacar Anthony Garotinho, que respondeu hoje. O tema em foco são as UPPs nas favelas cariocas. Antes, vem a parte que consigo concordar com o ex-governador do meu querido estado:

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O que acontece hoje é que os bandidos que são expulsos das comunidades, mas não são presos, migram para outras regiões, elevando a criminalidade nesses lugares. Um governador não pode empurrar os bandidos para lugares onde antes não havia violência. Isso não é política de segurança. Isso é varrer o problema para baixo do tapete.

Sim, é verdade que as UPPs não resolvem o problema. Que, aliás, tem sua origem nas políticas do grande guru e mestre do próprio Garotinho, Leonel Brizola. Ao blindar essas comunidades e impedir a ação da polícia, criou verdadeiras fortalezas do crime. Mas isso são favas contadas.

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O ponto é que as UPPs realmente espalham bandidos, em vez de prendê-los. Reinaldo Azevedo já fez essa denúncia algumas vezes aqui ao lado. Mas o próprio Secretário de Segurança, Beltrame, reconhece que são apenas um primeiro passo. Firmar a presença estatal é só o começo. Há que se prender bandidos, não resta dúvida (e não só o apelo sensacionalista de “investimentos sociais”).

Agora a parte trash do texto do ex-governador:

Minha decisão, desde sempre, foi pelas pessoas que mais precisam. Não dá para ficar no meio, entre os ricos e os pobres. Com minha escolha clara e ações efetivas, elegi-me governador, fiz minha sucessora Rosinha e o governador Sérgio Cabral, com quem rompi antes mesmo de sua posse ao entender que o lado que ele escolhera era outro: o dos ricos. Por fim, elegi-me o deputado federal mais votado do Estado.

Não sou fã do reductio ad Hitlerum em um debate, pois virou lugar-comum invocar o nome do monstro nazista para encerrar qualquer tipo de discussão. Mas vale notar que Hitler também teve amplo apoio popular. Foi até eleito! O que isso prova, além do fato de que muita gente pode ser enganada?

A frase destacada do artigo de Garotinho é uma temeridade, uma confissão de populismo das brabas. Como assim, não dá para ficar no meio, entre os riscos e os pobres? Pensei que um governador fosse eleito para governar um estado… para todos?

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Até porque o tema em pauta, a segurança pública, é de total interesse de cada cidadão carioca. Rico ou pobre, classe média ou baixa, negro ou branco, gordo ou magro, homem ou mulher, nenhuma pessoa decente gosta de sofrer um assalto, de levar uma bala perdida, de ser vítima de marginais.

Essa dicotomia criada entre ricos e pobres, resgatando a teoria marxista de luta de classes, tem sido a marga registrada dos demagogos de plantão. Garotinho é apenas um dos maiores ícones dessa turma. Que os cariocas não sejam mais otários a ponto de cair na ladainha de gente assim!