Aquilo que todos já sabem – que o governo Dilma só pensa na imagem, de olho nas eleições – agora está comprovado por números oficiais. Nunca antes na história deste país se gastou tanto em publicidade estatal. O valor total gasto em 2013 foi de R$ 2,3 bilhões, uma alta de 7,4% em relação ao ano anterior e o maior da série desde 2000, quando começou a ser divulgado esse tipo de dado.
Os valores incluem toda a administração pública direta e indireta. Ou seja, as grandes estatais estão nesse bolo de R$ 2,3 bilhões. Quando são considerados só os órgãos e entidades da administração direta (ministérios e Palácio do Planalto, por exemplo), o total de 2013 foi de R$ 761,4 milhões, também um recorde na última década e meia.
O governo também justifica o aumento com o fato de que “um terço do crescimento do volume publicitário de 2013 foi puxado pelas ações dos Correios, [empresa] que completou 350 anos em 2013”.
Essa empresa pública foi a que esteve envolvida diretamente no caso do mensalão, escândalo de 2005 e que envolvia o uso de agências publicitárias com contas na administração federal.
Por que os Correios precisam gastar tanto em publicidade? Opera em cenário de quase monopólio, ora bolas. Não soa estranho? Uma pessoa mais desconfiada poderia suspeitar de que se trata de financiamento indireto da imprensa chapa-branca, ou uma tentativa de comprar apoio da imprensa independente.
Os R$ 2,3 bilhões gastos colocam o governo federal na quarta colocação do ranking dos maiores anunciantes brasileiros em 2013. O primeiro lugar ficou com a Unilever (R$ 4,6 bilhões), seguida por Casas Bahia (R$ 3,4 bilhões) e o laboratório Genomma (R$ 2,5 bilhões).
Além de todo o poder político que o governo central já possui no Brasil, país com modelo altamente centralizado, há ainda o poder econômico. O peso da propaganda é evidente, e isso pode prejudicar a independência dos veículos de comunicação.
Uma coisa é gastar com a divulgação de campanhas realmente importantes; outra, bem diferente, é torrar os nossos impostos para fazer proselitismo do governo, ou publicidade de estatais que gozam de praticamente uma situação monopolista em seus setores.
A presidente Dilma, como podemos ver, usou e abusou desta prerrogativa. É a que mais gasta em publicidade. Quantifica o que já era sabido qualitativamente: esse é um governo controlado pelo marketing, que só pensa naquilo…
Rodrigo Constantino