A política nacional vive uma hegemonia de esquerda. Todos os partidos acabam pregando mais estado. Todas as soluções propostas passam por ações de governo com mais recursos públicos. Quando aquele que é visto como o mais à direita de todos defende até um SUS para animais, é porque a situação está realmente feia.
É a nova ideia de Rodrigo Maia, do DEM. Ele apresentou a proposta de criação de um Sistema Único de Saúde para os animais. O nome é esse mesmo: SUS Animal. Diz a matéria:
O deputado prevê a utilização sistemática de recursos públicos saídos do Ministério da Saúde para que seja patrocinado o tratamento de animais em várias circunstâncias. Desde animais exóticos e silvestres até bichos de estimação domésticos.
A lista do que deve ser protegido pelo SUS Animal também é extensa. Além de incluir a prevenção de doenças, a epidemiologia e o tratamento, o projeto do deputado sustenta que cabe ao Estado proteger os animais até mesmo do medo e que é necessário preservar sua integridade “física e moral”. (O projeto não explica o que seria a integridade moral dos animais. Fica a critério da imaginação de cada um, supõe-se).
Quanto ao financiamento, o artigo 35 deixa claro que serão usadas verbas do Ministério da Saúde. Até hoje, em projetos de defesa dos animais, um dos argumentos dos defensores das propostas era o de que os animais não estavam competindo com os humanos no uso de verbas públicas. Até mesmo esse limite mínimo de distinção parece ter sido superado agora.
Essa é, supostamente, a nossa direita! O SUS para seres humanos é um sucesso tão estrondoso, beirando à perfeição (como disse o então presidente Lula), que podemos nos dar ao luxo de destinar recursos públicos para os animais. Nem estamos, agora mesmo, passando por uma jogada de marketing do governo, com a importação de milhares de médicos cubanos, porque o SUS é capenga. Imagina!
A cabeça dos políticos parte da premissa de que recursos públicos são infindáveis. Não há prioridades ou destinos concorrentes. Tudo é possível. Antigamente, o lema era “tudo pelo social”. Fomos um passo além, e agora é: “Tudo pelo animal”.
Não me levem a mal. Adoro animais. Antes que algum bicho do PETA apareça por aqui, confesso que tenho dois cachorros de estimação, muito bem cuidados. Recentemente, um deles teve de ir ao veterinário fazer uns exames. Minha esposa ficou impressionada com o avanço tecnológico da clínica. Eu fiquei impressionado com os custos.
Bons tratos não saem de graça. Nas minhas prioridades, com a utilização dos meus próprios recursos, acabei optando pelos exames (na verdade, pela manutenção do casamento). Não vou aderir ao discurso sensacionalista e socialista (não seriam sinônimos?) daquela música “Rock da Cachorra”, do Eduardo Dusek (meu tempo de garoto), que dizia “troque seu cachorro por uma criança pobre”.
Mas daí a impor, aos pagadores de impostos, que os seus recursos sejam destinados a veterinários que cuidarão dos bichos dos outros, em vez de ir para a saúde pública, as escolas, as estradas e a segurança, vai uma longa distância. Prioridades e recursos escassos, duas coisas que políticos costumam jamais considerar.
O pai de Rodrigo, não custa lembrar, foi aquele que enterrou meio bilhão de reais na Cidade “fantasma” da Música, hoje Cidade das Artes. Claro, os serviços da nossa prefeitura carioca são excelentes, e podemos nos dar ao luxo de gastar desse jeito os recursos públicos.
Complicado, né? E isso, uma vez mais, vindo do DEM, que já foi até PFL, com liberal no nome e tudo. Fica difícil ter esperança. Só vindo algo NOVO mesmo!
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