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O filósofo Luiz Felipe Pondé, em sua coluna na Ilustrada da Folha hoje, toca em ponto importante: muitos intelectuais vendem promessas utópicas sobre sexo, muitas vezes repletas de mensagem ideológica e política, que falham miseravelmente na prática, gerando ainda mais angústia nas pessoas.

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Basta pensar em Maio de 68, em “sexo livre”, no vale-tudo que muitos intelectuais venderam como a “libertação” plena das amarras burguesas, da culpa, do recalque. O tiro saiu pela culatra, claro. Moças “fáceis” viraram a alegria dos rapazes, mas alegria temporária: até eles enchem o saco de tanta facilidade.

A conquista é necessária, assim como o desafio, a dúvida, a incerteza se ela vai ou não retribuir os galanteios. Sexo sem culpa alguma, assim como quem come um sorvete, pode parecer legal de fora, mas é a morte do que nos torna humanos, como dizia Nelson Rodrigues.

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Cães praticam sexo dessa maneira! Seres humanos inventaram o amor, e sentem vergonha, ainda bem. Civilização é controlar impulsos meramente animais. Seguem os principais trechos:

Cada dia que passa, temo pela irrelevância dos estudos acadêmicos das chamadas ciências humanas, devido ao que o intelectual americano Thomas Sowell chama de alienação da classe “ungida” que somos nós, os intelectuais.

Essa música seria facilmente acusada de repetir a “ideologia dominante” (para mim, esse conceito tem a mesma validade de dizer que algo acontece porque Saturno está na casa sete…) e de que esse medo é simplesmente “culpa” da opressão do conceito de beleza capitalista ou sexista. Pensar que cultura pop seja simples sintoma da “ideologia dominante” é ser incapaz de enxergar o óbvio.

A vida é clichê, por isso, temo, revistas femininas logo serão mais relevantes no debate sobre comportamento e afetos contemporâneos do que estudos acadêmicos. Seria essa, afinal, a vingança do jornalismo, muitas vezes menosprezado por nós, intelectuais, contra a soberba dos ungidos que nada entendem das agonias de carne e osso? Talvez a condição de escrever sob o gosto de sangue e de saliva que tem a trincheira da vida real dê às revistas femininas mais consistência do que as elaborações sem corpo dos especialistas em afetos.

O filósofo Francis Bacon (séculos 16-17) tirava sarro da “baixa escolástica” e suas questões sobre quem puxava o burro, quando se puxava um burro com uma corda, se era a pessoa ou a corda que puxava o burro… (risadas?). Penso que, em 500 anos, rirão de nós da mesma forma quando se diz hoje em dia que o medo de uma mulher (ou de um homem) de ser abandonada é sintoma de “opressão social”, e que pessoas emancipadas não sofrem com isso. O conceito de opressão virou um grande fetiche dos intelectuais.

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Revistas femininas e autores como Nelson Rodrigues são acusados de moralismo. Antigamente o moralismo relacionava sexo, afeto e demônios. Incrível como não se vê que hoje o verdadeiro moralismo está nas teorias que relacionam as formas comuns (dos meros mortais) de afeto e sexo a “frutos da opressão da mulher”.

Aprendemos a negar nosso medo com teorias sofisticadas, mas o medo sempre aparece. Ficou chique dizer que se é emancipado, quando na realidade nem só de liberdade vive o desejo, mas também de pecado, medo e vergonha. Como dizia Nelson, “o desejo também precisa de seu claustro”.