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Por Karen Meirelles, publicado pelo Instituto Liberal

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Há algum tempo, diversas organizações se mobilizavam para a inserção da metodologia de home office em suas rotinas. Outras, por sua vez, ainda não confiavam no modelo e até duvidavam de sua capacidade produtiva. Imagino que pensavam: o indivíduo em casa vai se atarefar com outras demandas e não vai executar o de que precisamos, melhor tê-lo sob os olhos de gestores; assim garantimos nossa produtividade.

Acontece que, nos últimos três meses, as organizações foram praticamente obrigadas a se reinventar. Como manter seus funcionários na base, diante de uma pandemia nova e cujo nível de transmissão é altíssimo? Aquelas que já adotavam a metodologia de home office continuaram seus trabalhos normalmente e sem grandes impactos, enquanto as demais, que ainda não estavam acostumadas com o cenário, precisaram se adaptar e não tiveram muito tempo para isso.

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Estou certa de que essa foi uma experiência que veio para ficar. Aquelas empresas que ainda não trabalhavam com essa metodologia gostaram do experimento. Apesar dos diversos desafios – por exemplo: garantir uma rede privada que suporte os acessos e demandas pelos diversos colaboradores, a segurança da informação e tantas outras vulnerabilidades causadas pela tecnologia -, percebeu-se que, vencidos os principais pormenores, a produtividade obtida com colaboradores é igual ou superior à de antes.

Sobre produtividade, gostaria de dizer que algumas considerações precisam ser postas à mesa: não houve tempo hábil para organizar o novo método, portanto temos claramente a ausência de disciplina diante de algumas regras, que, no presencial, dificilmente seriam “burladas”. Refiro-me ao horário de almoço. Quando presencial, o colaborador cumpria com rigorosidade o tempo disponibilizado, diferente do que ocorre agora. Pessoas começam a trabalhar, almoçam 15 minutos, continuam trabalhando e não têm hora para terminar o expediente.

Outro fator que contribuiu para o aumento da produtividade é o medo do desemprego. Com uma crise econômica fortíssima e que atingiu a todos, colaboradores se viram expostos a possíveis desligamentos, o que fez com que eles trabalhassem ainda mais para que não fossem os escolhidos caso a empresa necessitasse executar redução de pessoal.

Confesso que, apesar de achar o modelo extremamente válido tanto para funcionários, quanto para a organização, planejá-lo e estruturá-lo é fundamental para que ele tenha longevidade. Não é saudável trabalhar 14 horas, sem tempo de descanso, e não é sustentável trabalhar por medo. Manter esse ritmo provocaria efeitos destrutivos a longo prazo.

Mais do que nunca, se esse é o novo normal, as empresas devem estruturar treinamentos específicos, criar ambientes adequados e dentro das possibilidades colaborar com infraestrutura: cadeira, notebook e suportes. Buscar o equilíbrio para manter a saúde do colaborador e do negócio é o melhor caminho a se seguir – e precisa começar agora!

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*Karen Meirelles é associada I do Instituto Líderes do Amanhã.