Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).| Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados
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O jantar na casa de Alexandre de Moraes com a presença de Hugo Motta, às vésperas do julgamento político de Bolsonaro foi totalmente obsceno, como disse Deltan Dallagnol. É a promiscuidade à luz do dia que tomou conta de nossa republiqueta das bananas. Ficamos sabendo da “carona” em jatinho da FAB sem o nome constar na lista oficial, o que virou marca registrada desses “guerreiros” que lutam para “salvar a democracia”. E ficamos sabendo do prato oferecido também...

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Hugo Motta não foi jantar com Alexandre; ele foi “jantado” por Alexandre, como resumiu o jurista Andre Marsiglia no Bradock Show. Como disse Claudio Dantas, não era a voz de Hugo Motta repetindo mentiras oficiais sobre nossa “pujante” democracia, mas sim um boneco de ventríloquo mexendo a boca para reproduzir as palavras de José Sarney e do próprio Alexandre de Moraes. Afirmar que não há censura ou perseguidos políticos no Brasil de hoje é o ápice da cara de pau!

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A doutora em Direito pela USP, professora Érica Gorga, fez uma análise política da estratégia equivocada da direita. E como o Poder Judiciário se tornou um puxadinho do poder político controlado pelos tucanopetistas, não estamos mais no campo do Direito, então todos precisamos fazer análises políticas mesmo. Não há mais espaço para reverter a situação por meio do próprio STF, que virou o maior problema da nossa democracia.

Eduardo Bolsonaro exilado, o PSOL despachando com o STF para cassar mais mandatos, Jair Bolsonaro prestes a ser preso, e o pedido de anistia cada vez mais rejeitado pelos líderes do centrão fisiológico. É preciso ser realista: a direita está apanhando feio

Para Gorga, não é hora de fazer piada da fala do presidente da Câmara, Hugo Motta, e sim compreender o que ela significa na prática: a direita está perdendo a guerra da narrativa. Diz a professora:

O discurso revela o recrudescimento que expliquei há bom tempo que iria acontecer em razão de iniciativas de pressão externa nos Estados Unidos desacompanhadas de estratégia interna robusta capaz de pôr nos eixos o sistema corrompido. Explico há meses que a estratégia jurídica interna escolhida pelas lideranças da direita admite e revela FRAQUEZA. As manifestações deveriam ser pelo impeachment de Ministro do STF porque o pedido de anistia é extremamente fraco juridicamente, na medida em que, por definição, reconhece a existência de crimes que, na realidade, não foram cometidos.

O pedido de anistia constitui-se em derrota na narrativa semântica, e, mais importante ainda, o pedido de anistia continua a deixar o poder decisório final nas mãos do STF, de forma confortável e incontestável. Isto é, não se configura em contra-ataque minimamente efetivo.

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Em uma guerra ou em um jogo de futebol, quando se é atacado e não se sabe CONTRA-ATACAR, perde-se a guerra e perde-se o jogo. Isso agora vai ficando cada vez mais evidente.

A pressão que vem da cavalaria americana é crucial nessa batalha, mas ela precisa ter uma contrapartida doméstica que não foque apenas na eleição de 2026. Ao contrário do caso de Donald Trump, no Brasil o ativismo judicial já foi muito mais longe e pode impedir o retorno da direita ao poder facilmente. Gorga traz uma previsão sombria: “Aqueles que depositam as fichas em 2026 ainda não perceberam que a coalizão PT-STF está conseguindo desarticular e tirar nomes relevantes do páreo, o que significa que há risco concreto de que o resultado nas urnas de 2026 seja pior que o de 2022”.

Eduardo Bolsonaro exilado, o PSOL despachando com o STF para cassar mais mandatos, Jair Bolsonaro prestes a ser preso, e o pedido de anistia – termo inadequado para quem não cometeu crime algum – cada vez mais rejeitado pelos líderes do centrão fisiológico, como Hugo Motta, que receberam apoio do PL justamente para isso. É preciso ser realista: a direita está apanhando feio. Quem perde é o país todo...

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]