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Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

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Uma coisa sempre me chamou a atenção na política brasileira: a relação de Fernando Collor de Mello com os governos Lula e Dilma. Vale resumir a carreira do alagoano:

Dono de uma afiliada da Rede Globo, foi eleito em 1989 com apertada margem de votos após ter levado ao programa eleitoral na TV, dias antes da votação, uma entrevista com uma ex-namorada de Lula, na qual ela dizia que o petista havia pedido para fazer um aborto.

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Como presidente, Fernando Collor promoveu uma relativa abertura econômica ofuscada por desastrosas medidas de combate à inflação. Os petistas lideravam a oposição, mas foi uma reportagem da Veja que o derrubou: seu irmão, Pedro Collor, o delatava num esquema de corrupção.

Os brasileiros foram massivamente às ruas pedir o impeachment.

Em 1° de setembro de 1992, a OAB e a ABI protocolaram o pedido. Precisou-se de apenas trinta dias para o processo tramitar e ser votado na Câmara e no Senado.

Nos últimos dias daquele ano, o Senado decidiria pela perda definitiva do cargo e dos direitos políticos por 8 anos.

Dessa forma, Fernando Collor de Mello foi escorraçado do poder, tornando-se um pária nacional, principalmente pela esquerda liderada pelo PT.

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Quatro anos depois, Paulo César Farias era assassinado em Maceió, junto com sua amante. Ele havia sido o chefe da campanha eleitoral de Fernando Collor, ou seja: a pessoa que mais sabia sobre os esquemas de corrupção que levaram ao impeachment.

Apesar da biografia sujíssima, assim que retomou a vida política por meio de uma cadeira no senado, em 2007, Collor recebeu de Lula o controle das nomeações na BR Distribuidora.

Dois anos depois, Lula fazia campanha para ele ao governo de Alagoas, dividindo palanque e tecendo os mais carinhosos elogios.

Em 2014, o STF inocentou Fernando Collor de Mello de todas as acusações que levaram ao impeachment.

Afinal, em que Fernando Collor era importante para Lula?

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Em janeiro de 2016, a jornalista Eliane Cantanhêde publicou um artigo no Estadão sobre isso, no qual destacava: “Collor é de Alagoas, Estado pequeno com apenas nove dos 513 deputados federais, e é do PTB, partido que é o oitavo da Câmara, tinha 18 deputados em 2014 e elegeu 25. Detalhe: nenhum dos eleitos por Alagoas é do partido. Então, fica difícil compreender, com base na política e na aritmética, o que Lula tanto pretendia lucrar ao entregar a BR para Collor”.

Lembremo-nos ainda da acusação à Ronan Maria Pinto de que ele teria chantageado Lula, em 2002, para abafar o envolvimento do então candidato a presidente da república no assassinato de Celso Daniel. Oito pessoas relacionadas ao caso morreram desde então.

Na minha humilde condição de cidadão que acompanha as notícias, correlacionando fatos para achar algumas explicações, acredito que a chantagem – assim como a corrupção – faz parte da política brasileira.

Políticos têm muitos recursos para espionar a vida das pessoas. São autoridades com poder sobre outras autoridades. Conseguem facilmente esmiuçar a vida de seus adversários e das famílias e sócios deles. Portanto, da mesma forma com que acusam uns aos outros disso ou daquilo, podem também negociar entre si o sigilo de seus crimes.

Fernando Collor devia ter no cofre algo muito devastador sobre Lula; e talvez Lula tenha algo muito devastador sobre Jair Bolsonaro – mais provavelmente, sobre os filhos dele.

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Alguém pode contra argumentar dizendo que, se ele tivesse, já teria jogado no ventilador, mas não é assim que acontece na política. Manter certo controle sobre um adversário pode render muito mais benefícios do que explodi-lo de uma só vez.

A boa relação de Jair Bolsonaro com a banda podre do Supremo Tribunal Federal é muito esquisita.

Em julho, Dias Toffoli − o ministro do STF com a biografia mais entrelaçada ao PT − atendeu um pedido de Flávio Bolsonaro para suspender as investigações contra ele.

Em setembro, Jair Bolsonaro nomeou Augusto Aras para a Advocacia-geral da União. Uma notícia muito comemorada na cúpula petista.

Na semana passada, ficamos sabendo que Dias Toffoli não apenas suspendeu todas as investigações do COAF, mas pediu que a cópia de todas elas fosse enviadas a ele. Isso significa que o ex-advogado do PT e sua equipe tem nas mãos informações sigilosas sobre as movimentações financeiras de dezenas de milhares de pessoas e empresas.

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Se a esquerda contrata hackers para invadir celulares de juízes e promotores, o que ela pode fazer com as informações do COAF em suas mãos?

Na minha sincera opinião, Jair Bolsonaro está sendo chantageado para que deixe o STF – onde a maioria dos ministros talvez já esteja sob chantagem − reabilitar Lula e outras pessoas poderosas, recebendo em troca a blindagem de seus filhos e condições para aprovar no Congresso algumas medidas – que beneficiarão um eventual novo governo petista.

Sabemos que constitucionalmente o Presidente da República não tem poderes sobre o Supremo Tribunal Federal, mas isso não impede que certas pressões sejam feitas, principalmente se considerarmos a revolta da grande maioria da população contra as decisões da Corte, além das promessas de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral, de que iria combater a corrupção, acabar com o lulismo etc.

Jair Bolsonaro não precisaria criticar diretamente o STF. Ele poderia, por exemplo, fazer a seguinte declaração sobre as manifestações ocorridas ontem: “é necessário que se considere o apelo das ruas, o povo não suporta mais a impunidade”. No entanto, ele se mantém indiferente.

Um ano atrás, tentaram assassinar Jair Bolsonaro. Hoje, talvez estejam chantageando-o. O que não muda é nossa condição de refém da política criminosa que controla o Brasil.

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