Por João Cesar de Melo, publicado pelo Instituto Liberal
Lula e Dilma promoveram o maior esquema de corrupção da História, financiaram ditaduras, afundaram o Brasil numa profunda recessão e permitiram que o país se tornasse um dos mais violentos do mundo. Apesar de tudo isso, a esquerda não se decepcionou com eles. Lula e Dilma ainda são cultuados, defendidos como heróis.
Do lado de cá, os sentimentos são muito diferentes. Permitimo-nos a decepção com aqueles em quem um dia confiamos.
A decepção é um sentimento importante, porque aprimora nossa relação com o mundo. Decepcionamo-nos com empresas, filmes, livros, pessoas e… Políticos. Vergonha não é a decepção, mas a insistência na ilusão e na defesa do indefensável.
Votamos em Jair Bolsonaro porque foi a melhor alternativa que a democracia nos deu. Coube-nos apoiar um programa de governo que prometia combate à criminalidade e liberalização da economia.
Já era previsto que, de uma forma ou de outra, ele teria que ceder ao Congresso em alguns pontos para conseguir governar. Porém, tudo tem limite.
A vida é feita de decepções e também de escolhas. Entre a versão de Jair Bolsonaro e a de Sérgio Moro, eu escolho a do juiz que ajudou a condenar e prender mais de uma centena de políticos e grandes empresários corruptos, que abdicou de uma notável carreira para ser ministro da Justiça. Bolsonaro é, sobretudo, um político; e políticos mentem com extrema naturalidade.
Creio que não preciso falar sobre a gravidade das acusações feitas por Sérgio Moro; mas é preciso registrar que essa foi apenas a cereja do bolo da decepção. Citando apenas alguns exemplos: Jair Bolsonaro fez a vontade do PT ao nomear Augusto Aras para a PGR, ao criar o “juiz de garantias”, ao tirar o Coaf de Sérgio Moro e em ficar amiguinho de Dias Toffoli; além de ter dado continuidade à política de liberação de verbas absurdas para partidos políticos.
Então veio o coronavírus e Jair Bolsonaro pirou de vez.
Logo no começo, ele deixou clara sua opinião (que coincide com a minha) sobre a quarentena, mas foi opinião vencida. A população estava em pânico e o STF autorizou que governadores e prefeitos arbitrassem sobre o assunto. Diante disso, ele deveria ter aceitado, administrado a situação, aproveitando-se dela para demonstrar liderança, alinhando-se ao sentimento da maior parte da sociedade. Em vez disso, ele enriqueceu seu currículo de declarações desastrosas e alimentou confrontos políticos desnecessários durante um período em que o cidadão comum já estava sofrendo um imenso estresse por causa da pandemia no Brasil e no mundo.
Mas Jair Bolsonaro ainda não estava satisfeito. Demitiu o ministro da Saúde, o membro do governo mais popular naquelas semanas. Uma semana depois, cria o ambiente para que Sérgio Moro, um herói nacional no combate à corrupção, se demitisse em evento transmitido ao vivo por quase todas as TVs abertas, no qual descreveu todas as divergências com o presidente da República, acusando-o de tentar interferir na Polícia Federal.
Não adianta gritar que Jair Bolsonaro foi vítima disso ou daquilo. O mesmo povo que não se deixou influenciar pela imprensa na última eleição toma cada vez mais pavor pelo presidente da República.
Jair Bolsonaro não foi apenas burro e irresponsável. Ele desrespeitou seus eleitores e desperdiçou o apoio de pessoas importantes. E, pelo que parece, está afundado na mesma lama em que a esquerda chafurdou. É um tanto esquisito alguém defender cadeia para uns tipos de criminosos e liberdade para outros.
Jair Bolsonaro repetiu diversas vezes que ninguém é insubstituível. Concordo. Nem ele é.
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