Por Lucas Sampaio, publicado pelo Instituto Liberal
Recentemente o colunista da Folha de São Paulo Joel Pinheiro da Fonseca se envolveu em uma polêmica com o youtuber stalinista Jones Manoel. O motivo? O marxista decidiu resgatar um artigo antigo do Joel publicado no Instituto Mises, onde o mesmo defendia o livre comércio de órgãos como forma de diminuir a fila da rede pública de saúde e permitir que mais pessoas necessitadas possam realizar o transplante e que os doadores possam receber algum acréscimo em dinheiro com essa venda. O grande problema é que o marxista que já defendeu abertamente censura, perseguição a liberais e extermínio sistemático daqueles que discordam do regime socialista “espantalhificou” os argumentos do Joel e reduziu todo um artigo a jargões prontos como “Joel defende vender órgão de pobre”, “liberais são nazistas”, etc, uma atitude claramente desonesta visto que o objetivo do texto (independente de você concordar ou não) era justamente solucionar um problema social gravíssimo que é a imensa fila do SUS.
Após ser “exposto”, Joel cometeu aquilo que julgo ser um dos maiores erros que alguém pode cometer em um debate político, que é o erro de se explicar para o seu oponente. Joel chegou a fazer uma thread inteira se explicando sobre o assunto, tentando mostrar para todo mundo que é um moderado, que não odeia pobres, que existem até mesmo países que aplicam esse modelo e que mudou várias vezes de opinião. A grande questão é que na guerra política você nunca deve satisfação aos seus oponentes; ficar se explicando publicamente é como se você estivesse admitindo que fez alguma coisa errada (o que não foi o caso), é justamente dar a vitória de bandeja para o seu oponente que conseguiu fazer com que você se explicasse em público. Não só isso: esse tema acabou chegando até mesmo nos Trending Topics do Twitter. Algo que inicialmente tinha sido proferido por um mero esquerdista irrelevante e que ficaria preso à sua bolha acabou tendo visibilidade graças à resposta que o Joel deu, o que fez o seu oponente e todas as calúnias proferidas pelo mesmo terem alguma visibilidade e audiência em toda a internet.
Uma das regras fundamentais de todo debate (e que eu adoro descumprir) é: nem todo debate deve ser feito. Se seu oponente é um desonesto que só quer te atacar e é muito menor que você, você apenas dá voz e visibilidade a ele ao respondê-lo; mas partindo da premissa de que você o respondeu, gostaria de demonstrar aqui os erros do Joel (que são os da maioria dos liberais) ao debater e o que poderia ser corrigido. Antes de mais nada gostaria de deixar claro: isto aqui não é um ataque – gosto do Joel, apesar das inúmeras discordâncias -, mas sim uma correção aos seus erros.
Primeiro precisamos definir o que é o debate político e distingui-lo do debate intelectual. O debate político é aquele que tem como único propósito persuadir a platéia e derrotar seu adversário; não é um debate onde ambos querem chegar a uma conclusão comum, mas sim onde cada lado se enfrenta em busca da vitória, vitória essa que se dá basicamente convencendo a maior parte da platéia. Já o debate intelectual depende de uma série de premissas básicas: ambos os lados precisam ser honestos intelectualmente (o Jones claramente não é) e estar em busca de verdade ou de uma conclusão comum; nesse tipo de debate não há vencedores ou perdedores, ambos saem ganhando.
Por essas duas definições fica claro antes de qualquer outra coisa que o debate do Joel com o Jones foi um debate político, ou seja, ambos os lados defendem as suas posições e o importante é convencer a platéia e conseguir a vitória. Um dos lados pode até não se sentir em um debate político, pode até achar que convencer a platéia é irrelevante, mas só em seu oponente já enxergar dessa forma ele já está em um debate político. Dito isso, vamos aos erros!
O primeiro erro do Joel foi tentar dialogar com aquele que não está aberto ao diálogo. Um sujeito como o Jones Manoel não é um ignorante ou apenas alguém que diverge, mas sim uma pessoa desonesta, sem caráter e que defende totalitarismo, extermínio, perseguição e censura contra liberais, tendo gravado vídeos falando disso e defendendo tais teses abertamente em suas redes sociais. A premissa básica de um diálogo é que ambos os lados estejam dispostos a dialogar. Se um lado já não está disposto, então claramente não há a possibilidade de haver um diálogo. Jones Manoel e esquerdistas similares não estão abertos a dialogar ou a conversar; o único objetivo deles é te destruir, te expor ao ridículo e mostrar para a platéia como você é fascista, odeia pobres ou alguma falácia similar. Não perca tempo tentando dialogar com esse tipo de gente. Para lidar com eles, há somente duas opções: Ignore ou humilhe, exponha-os ao ridículo e mostre para a platéia quem são. O escritor e estrategista marxista Saul Alinsky no seu famoso manual Rules for Radicals deixava claro em sua quinta regra que a ridicularização é sempre a arma mais poderosa do homem. Saiba usar isso a seu favor.
O segundo erro foi se explicar para o inimigo. Não se devem explicações ao inimigo, só se devem explicações para aliados. Quem se explica demais perde o debate pois está deixando o seu adversário pautá-lo, além de acabar demonstrando uma certa falta de firmeza e aparentando ter feito alguma coisa errada. Como David Horowitz explica em sua famosa obra A Arte da Guerra Política, na guerra política o agressor tende a prevalecer. Se for para debater com sujeitos como esse (ou qualquer esquerdista similar), entrem para humilhá-lo, para expo-lo ao ridículo, para mostrar para a platéia o inescrupuloso que ele é. Faça com que ele ELE precise se explicar, não você. Essa turma não quer dialogar, eles querem apenas te expor ao ridículo, te humilhar e mostrar para a platéia como você é um “neoliberal, fascista, escravista e que quer vender o rim dos mais pobres”. Ele não é apenas uma pessoa que pensa diferente, ele não tem caráter e deve ser visto como tal. Adversários existem, por mais que você ache que seja possível dialogar com eles. Liberais e libertários, por um purismo e moralismo barato, acabam não entendendo isso, mas na guerra justa é sempre válido usar a arma do seu oponente contra ele mesmo. Não busque explicações técnicas e nem longas, a platéia simplesmente não vai compreender. Apele para o emocional, mostre que seu adversário é alguém que defende abertamente o genocídio. Essa é a grande vantagem que nós liberais temos: enquanto a esquerda lança mentiras na guerra de narrativas, nós temos a verdade ao nosso lado, temos a opção de lançar narrativas pautadas em fatos, o que nos dá ainda mais consistência.
Por sinal, já que citei o Horowitz, gostaria de trazer aqui um exemplo prático de debate realizado por ele. Uma ativista muçulmana ligada a grupos terroristas islâmicos decide fazer uma pergunta a ele, exigindo que ele se explique e querendo colocá-lo na defensiva. O Horowitz, já sabendo do que se tratava, responde de uma maneira interessante. Em vez de perder tempo se explicando ele responde com outra pergunta: “Você condena o Hamas aqui e agora?”. Qual o intuito dessa pergunta? Seu propósito foi claramente inverter o jogo, sair da defensiva e colocar agora a sua adversária na defensiva, fazer com que ela tenha que se explicar – e não só isso: colocá-la em uma corda bamba, pois se ela não condenar o Hamas fica evidente seu apoio ao terrorismo; já se ela condenar ela se queima com seu próprio patrocinador.
Por um purismo bobo, muitas vezes evitamos usar as regras do jogo a nosso favor. Esse é o maior tiro no pé que se pode fazer. Você ser moralista não fará o seu oponente ser. Ele continuará usando todas as armas contra você e, se você não reagir no mesmo nível, vai perder.
Quando o esquerdista te obriga a se explicar, o intuito dele é te colocar na defensiva, colocar você como se fosse algum criminoso que devesse a ele alguma explicação. Você não deve, não se deve explicações aos inimigos, somente aos aliados. Quando ele te faz perguntas, ele não quer saber a resposta, ele já a tem. Ele apenas quer te colocar na defensiva. Não perca tempo respondendo a perguntas ou se explicando, revide com outra pergunta. Aqui vai um exemplo prático: se ele manda você se explicar por defender venda de órgãos, responda perguntando como ele se sente por defender que a fila do SUS aumente com mais pobres, negros, mulheres e desempregados que morrem diariamente sem órgão na fila por culpa das ideias que ele defende. Coloque-o sempre como um inimigo da platéia, como um inimigo da sociedade, pois é isso que ele faz contra você.
Um outro exemplo: pergunte como ele pode ter moral de falar sobre venda de órgãos defendendo o extermínio sistemático de minorias como ocorreu em qualquer país socialista.
Em resumo, use todas as armas necessárias para derrubar seu oponente, use as regras do jogo a seu favor, apele para o emocional do povo, coloque-o como um inimigo da platéia e da sociedade, derrote-o com a arma dele, faça com que ele deva explicações; ele deve sempre ser visto como um adversário (que é como ele te vê) e não como um mero debatedor que apenas diverge de você.
No final das contas, ideologia e moralismo barato não vencem batalhas, métodos vencem e é nisso que a política se baseia.
Para os liberais progressistas que insistem em querer fazer pontes com a esquerda, peço apenas que deixem de ser iludidos; eles não são seus aliados, não são seus amigos e se pudessem já teriam eliminado vocês. Enquanto ditos liberais tentam a todo custo mostrar para esquerda como são progressistas, tolerantes e diferente da “extrema-direita, fascista, neoliberal e que odeia pobres”, a esquerda jamais modera seu discurso para agradar liberais, ao mesmo tempo em que continuam pisando nos “limpinhos”, principalmente nos que se dizem progressistas. Gosto do Joel, mas ele claramente não soube debater e deixou seu inimigo pautar o debate e pintá-lo como um inimigo, foi comparado até mesmo a Hitler e foi rotulado como alguém que defende arrancar órgão de pobre. Se recusar a devolver na mesma moeda e derrotar o seu oponente com as armas dele foi o principal erro do Joel nessa discussão, além do fato de ter dado visibilidade a alguém que era até então irrelevante fora da sua bolha.
Resumindo: aprendam as regras do jogo e saibam como usá-las contra seus adversários. Não se deixem levar por discursos moralistas: se seu inimigo atacá-lo, jamais hesite em revidar. Lembrem sempre: na política real, discursos moralistas não vencem batalhas, métodos vencem.
*Sobre o autor: Lucas Sampaio é presidente da Juventude Libertária de Sergipe, Diretor da UNILIVRES, Campus Ambassador da Foundation for Economic Education, fundador do Liberty Open e ativista por um país mais livre.
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