Quando se pensa na postura de certos ministros supremos, palavras como "soberba" e "arrogância" logo vêm à mente. No caso de seu presidente, então, isso salta aos olhos. Luís Roberto Barroso age como um ser "ungido", que pretende "recivilizar" toda uma nação, "empurrar a história" para fazer "justiça social".
Whatsapp: entre no grupo e receba as colunas de Rodrigo Constantino
Nosso Rousseau de Vassouras se coloca acima do bem e do mal, uma alma maravilhosa que precisa "derrotar o atraso", em que pese ter considerado o assassino Cesare Battisti um "inocente" e o abusador João de Deus alguém com "poder transcendente", sem falar de seu "debate" com o "pensador" Felipe Neto sobre tolerância.
O Poder Judiciário virou justamente um "tapetão" para a esquerda derrotada nas urnas. Os petistas judicializam tudo justamente porque não contam com apoio popular. E os ministros supremos acatam, pois tampouco gostam do povo
Barroso, como fica claro, não convive bem com críticas. Afinal, como alguém ousa criticar um "iluminado" que está se esforçando tanto para "salvar a democracia" de um país mergulhado na barbárie? Em sua missão refundadora, Barroso enfrenta todo tipo de obstáculo, incluindo colegas do STF com "pitadas de psicopatia", que depois ele é magnânimo a ponto de perdoar e até virar amiguinho.
Pois bem: Barroso resolveu publicar um texto no Estadão hoje criticando o próprio jornal tucano por suas críticas ao STF. E olha que o Estadão peca pela bipolaridade típica do Dr. Jackyll e Mr. Hyde: sempre dá uma no cravo e outra na ferradura. Critica pontualmente os "excessos" do Supremo, mas admite a premissa falsa de que a instituição luta contra terríveis ameaças à democracia vindo da "extrema direita".
O subtítulo do texto de opinião "imposto" ao jornal já diz tudo: "É possível não gostar da Constituição e do papel que ela reservou para o Supremo. Mas criticar o tribunal por aplicar a Constituição é que não é justo". Mas vejam só que coisa! A premissa em si que é questionada, para dizer o mínimo, é justamente a de que o STF atual vem agindo para "aplicar a Constituição", uma vez que é facílimo demonstrar as inúmeras ocasiões em que os ministros rasgaram nossa Carta Magna.
Logo no primeiro parágrafo, o ministro inverte tudo: "O Brasil é o país que ostenta o maior grau de judicialização do mundo, o que revela a confiança que a população tem na Justiça. Do contrário, não recorreria a ela". O Poder Judiciário virou justamente um "tapetão" para a esquerda derrotada nas urnas. Os petistas judicializam tudo justamente porque não contam com apoio popular. E os ministros supremos acatam, pois tampouco gostam do povo. "Nós derrotamos o bolsonarismo", confessou Barroso, admitindo o crime de partidarismo político.
"Somos o tribunal mais transparente do mundo. Desagradar segmentos importantes faz parte do trabalho de bem interpretar a Constituição", escreve Barroso talvez sem ruborizar. O tribunal "mais transparente do mundo" adota a censura contra jornalistas que incomodam, solta bandidos enquanto prende donas de casa, e fez de tudo para prejudicar o governo Bolsonaro, enquanto ajudou a colocar o ladrão de volta à cena do crime, como diria seu vice.
O STF, segundo seu presidente Barroso, faz de tudo para trazer estabilidade institucional e avanços para "minorias". E faz isso com total respeito ao contraditório: "Com plena liberdade de expressão, inclusive para críticas injustas. Sinal de que, mesmo sendo impossível agradar a todos, temos cumprido bem o nosso papel". É quase um pito público ao Estadão, dizendo: "Nós somos tão legais que ainda permitimos seus editoriais críticos, que poderíamos censurar!"
O jurista Andre Marsiglia resumiu bem a coisa: "Lamentável o artigo que Barroso fez publicar no Estadão, dando bronca, dizendo que o STF é injustiçado nos editoriais. Em um país democrático, o ministro ficaria quieto ou agradeceria às críticas. Impressiona que não enxergue seu papel, só enxergue sua própria vaidade".
Pois é, eis como muitos devem se sentir ao ler o texto do Barroso: é como se o bandido que acabou de roubar seu celular exigisse seu agradecimento por ao menos ele não ter tirado sua vida!
Fiscalização do Pix pode ser questionada na Justiça; saiba como evitar cobranças
Regulação das redes: quem é o advogado-geral da União que se posicionou contra Mark Zuckerberg
Impactos da posse de Trump nos EUA animam a direita; ouça o podcast
Sidônio toma posse para tentar “salvar” comunicação de Lula
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS