Maduro disse que a oposição representa o “ódio” e o “fascismo” e voltou a afirmar que pode haver uma guerra civil na Venezuela se ele for derrotado| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez
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Nada nas trocas de farpas entre Lula e Nicolás Maduro convence. Lula já gravou vídeos apoiando o ditador socialista no passado, sempre deu um jeito de defender o indefensável e alegar que há uma "democracia relativa" na Venezuela. O país não flerta com a tirania da noite para o dia: desde Hugo Chávez que ele mergulhou no abismo da opressão e perseguição política, moedas típicas de todo regime comunista. O PT não tem qualquer problema com isso, tanto que defende Cuba há décadas.

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Mas, por algum motivo qualquer, há um teatro em curso que envolve o personagem Lula agindo como democrata e criticando a postura de seu companheiro Maduro. Nada muito veemente, tanto que Celso Amorim segue acendendo velas para o regime venezuelano e repetindo que a "eleição" é uma oportunidade para mostrar que a democracia na Venezuela está "consolidada". É muita canalhice fingir que há qualquer coisa parecida com uma democracia lá, onde os opositores foram presos ou afastados na marra.

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Resta perguntar se Alexandre de Moraes vai incluir Maduro em algum inquérito sobre fake news ou ataques ao Estado de Direito, por tecer críticas tão duras ao nosso sistema eleitoral "inviolável"

Não obstante, Maduro não passou recibo, talvez inconsciente de seu papel neste roteiro chinfrim. O ditador atacou o sistema eleitoral brasileiro: "Não auditam um único boletim de urna". O tirano citou as "atas eleitorais" em seu país, o equivalente no Brasil aos boletins impressos ao final da votação. Maduro também criticou os sistemas eleitorais dos Estados Unidos e da Colômbia.

No Globo, a manchete não poderia ser mais bizarra: "Maduro adota discurso de Bolsonaro e diz que sistema eleitoral do Brasil não é auditável". Não é a primeira vez que tentam jogar Maduro, o eterno companheiro lulista, no lado bolsonarista. Barroso já afirmou que a Venezuela tem ditadura de direita, pois conta com militares no esquema (conceito esdrúxulo de esquerda e direita). Estariam nossos esquerdistas tentando colocar Maduro no colo dos conservadores novamente?

Seria uma piada de muito mau gosto, claro. Mas para nossa velha imprensa, que substituiu faz tempo o jornalismo pela militância, tudo é possível. Maduro não se torna "bolsonarista" por criticar nosso sistema eleitoral; fosse assim, Requião, Tebet, Ciro Gomes e tantos outros também seriam "bolsonaristas". Maduro, no fundo, deu uma de... Barroso! Ele afirmou que a Venezuela tem o melhor sistema eleitoral do mundo! E o mundo, claro, caiu na gargalhada...

Resta perguntar se Alexandre de Moraes vai incluir Maduro em algum inquérito sobre fake news ou ataques ao Estado de Direito, por tecer críticas tão duras ao nosso sistema eleitoral "inviolável", que virou motivo de orgulho nacional segundo o STF.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]