O que esperavam do Lula exatamente? Não canso de ficar espantado com tucanos que fizeram o L e, agora, lamentam que o petista parece não ter aprendido lição alguma com os erros do passado. Ora, quem nada aprendeu foi a turma tucana! De onde tiraram que Lula vinha como o pacificador Mandela e colocaria um tucano liberal para tocar a economia?
Agora que temos a Nova Indústria Brasil, o plano desenvolvimentista do governo, vários comentaristas criticam o projeto requentado que já foi testado antes e fracassou. Mas eles esperavam mesmo algo diferente vindo do PT? De Lula?! O projeto está claro e é de poder, não de nação. E com as mesmas premissas equivocadas, claro que a megalomania estatizante terá prioridade.
Não faltam grandes empresários dispostos a fingir que Lula não é Lula, se isso significar barreira protecionista ou subsídio estatal.
O melhor resumo do projeto eu vi na conta The Investor no X, antigo Twitter: Make Odebrecht Great Again! Subsídios, protecionismo, nacionalismo, estatismo, e tudo isso em meio ao processo "jurídico" de limpar a barra dos velhos companheiros, digo, empreiteiros, era óbvio o resultado: grandes grupos "amigos do rei" serão beneficiados, e o povão paga o pato - como de praxe.
A economia Zeina Latif, no Globo, ainda parece ter esperanças de que a "política industrial" seja utilizada com "moderação". Ela parte da premissa de que Lula tem as melhores intenções, e que o desafio é a entrega:
Políticas industriais (PIs) visam compensar falhas de mercado prejudiciais ao investimento em setores que geram externalidade ou benefício público superior ao ganho privado. Alguns exemplos são o apoio à indústria nascente e às atividades de pesquisa e inovação. No entanto, há uma grande distância entre a intenção e a entrega.
Depois de cuspir vários números e alguma lógica elementar, a economista conclui: "A falta de governança é uma peça central desse quadro, o que enfraquece a ação estatal. Com estado fraco, mas com muita inserção no setor privado, a PI muitas vezes abre as portas para o rent seeking. Recursos públicos sendo drenados para beneficiar acionistas de empresas".
Não diga?! Então quer dizer que o PT pretende, no fundo, tomar recursos do pagador de impostos e distribuir aos seus companheiros? Mas quem poderia imaginar uma coisa dessas, não é mesmo? Estou sendo irônico pois perdi totalmente a paciência com economistas "técnicos" que ignoram por completo o elefante podre na sala, a essência do PT, o que Lula fez em todos os verões passados. Isso não é análise séria, em minha opinião.
Elio Gaspari, também no Globo, está cético e pessimista: "Provável mesmo é que a Viúva colocará na mesa créditos de R$ 300 bilhões até 2026". Mas, para o jornalista, o problema não está na premissa do estado indutor, e sim na execução petista:
Na defesa dessa nova política industrial, os doutores repetiram que países como Coreia e Japão cresceram porque suas indústrias foram amparadas pelo governo. Deixando de lado o fato de lá empresários larápios irem para a cadeia e não receberem alívio do Supremo Tribunal Federal, essa é uma velha questão. No Japão e na Coreia havia metas, compromissos e penalizações. Quais serão as metas que as empresas se obrigam a cumprir com a Nova Indústria? Por enquanto, nem uma palavra.
Para Gaspari, "Políticas industriais funcionam quando o governo obriga os empresários beneficiados a cumprir metas e não subverte as regras do jogo". Essa turma precisa urgentemente ler livros sobre as falhas de governo, sobre a Public Choice School, para compreender que mesmo com gente séria esse tipo de política industrial já é um equívoco. Imagina com a turma do PT!
O editorial da Gazeta do Povo também bateu na "política industrial" petista, mas o jornal tem "lugar de fala", pois nunca se enganou com a essência lulista e tampouco fica desviando o foco para questões pontuais e ignorando o monstrengo fedido na sala: "O lulopetismo opta pelo caminho mais fácil e pernicioso, adotando mais protecionismo, que só ajuda a manter o setor estagnado e dependente da boa vontade governamental". Bingo!
O petismo investe em dependência, seja dos pobres de olho em migalhas estatais, seja dos ricos de olho nas benesses do BNDES e companhia. O PT tem projeto de poder, e para tanto precisa comprar parceiros, aliados, comparsas. Não faltam grandes empresários dispostos a fingir que Lula não é Lula, se isso significar barreira protecionista ou subsídio estatal. Eis a análise séria possível diante dessa baboseira de Nova Indústria Brasil. O resto é cortina de fumaça.
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