Por Juliano Rafael Teixeira Enamoto, publicado pelo Instituto Liberal
Vários leitores já devem ter conhecimento do vídeo do deputado Arthur do Val proferindo, na Tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo, um discurso forte e verdadeiro, seguido de agressão. Isso é importante frisar: que o conteúdo da fala é forte, correto e verdadeiro.
Em determinado momento, Arthur do Val afirma que “vai acabar com os seus privilégios”, dirigindo-se aos sindicalistas; há ainda a denominação dos sindicalistas de “vagabundos”. Em outro momento da fala é possível ver três deputados estaduais correndo em direção a ele, sendo eles: Barba, Luiz Fernando, Enio Tatto e Emidio de Souza, todos filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT). A intenção dos legisladores estaduais, ou mens legislatoris, certamente não era democrática, muito menos pacífica – ou alguém tem dúvida da intenção de tais deputados ao correrem na direção de Arthur? Iriam confraternizar?
A posição física de Arthur foi de defesa, sua postura é de defesa, com seus punhos cerrados e levantados. Não “agrediu”; ocorreu, isso sim, a intervenção de terceiros, incluindo um deputado estadual do Novo que sofreu uma mordida – ou seja, foi uma sessão surreal.
É preciso lamentar a cobertura de parte da imprensa quanto aos fatos que ocorreram. Por exemplo, o título do Jornal Estadão: “Após ofensa, discurso de Arthur do Val é interrompido por briga generalizada na Alesp”[1], em matéria assinada pelos jornalistas Paula Reverbel e Tulio Kruse, induz o leitor a justificar o comportamento dos agressores que estavam em direção ao deputado Arthur. Outro aspecto interessante é elipsar todo o contexto e o comportamento dos sindicalistas presentes que hostilizaram e ofenderam figuras públicas do quilate da deputada estadual Janaina Paschoal; ofenderam não a figura pública, mas a pessoa. Fora a realização do coro ameaçador: “Vai Morrer, Vai Morrer!”, endereçado ao deputado estadual Arthur.
Aqui está outro ponto: o que ocorreu antes do discurso é lamentável, com alguns “stories” do deputado estadual mostrando o auditório da Assembleia Legislativa mostrando que os sindicalistas já estavam gritando ofensas e intimidações: “Filha da Puta”, “Vai morrer, vai morrer”. Assim o discurso de Arthur do Val não “polarizou” ou mesmo “incendiou” o Parlamento – este já estava em chamas! Arthur do Val fez o devido contraponto, inclusive para defender a deputada estadual Janaina Paschoal, do PSL. Os fatos como ocorreram não condizem com matérias e títulos como o do jornal Estadão.
Merece registro o comportamento dos pares de Janaina Paschoal, isto é, seus correligionários do partido PSL, segundo consta na postagem do deputado estadual Douglas Garcia/PSL[2], que afirmou o seguinte:
“Arthur do Val detesta ser um deputado estadual, ele queria estar em Brasília, por isso faz um trabalho pífio como tal e por isso hoje ele “cavou a falta” na ALESP. Assistam a “treta” completa e vocês entenderão que ele não estava argumentando, ele somente provocou no que vai cumular a própria cassação para concorrer à Prefeitura de SP com uma candidatura hypada de polêmicas… Na prática é só um incompetente polêmico e demagogo.
Ressalte–se que esse deputado que afirma que Arthur do Val “cavou falta” é o mesmo que protocolou uma moção de aplauso ao jornalista Augusto Nunes pelos: “excelentes serviços prestados à população brasileira”[3], protocolado à época do soco que aquele jornalista desferiu contra Gleen Greenwald.
Em tal postagem, o deputado estadual Douglas Garcia busca um motivo para criticar Arthur do Val, em razão de esse mesmo Douglas Garcia possuir um gabinete com impressionantes 22 pessoas lotadas[4] e Arthur possuir um gabinete com apenas seis pessoas[5]. Foram R$52.917,25(cinquenta e dois mil novecentos e dezessete reais e vinte e cinco centavos)[6] em despesas reembolsáveis pela Alesp ao longo do ano, enquanto o colega Arthur não solicitou nenhum reembolso pela Alesp[7].
Assim, entendo que o comportamento do deputado estadual Arthur do Val, em seu discurso no púlpito da Assembleia Legislativa de São Paulo, no dia de ontem, é irretocável sim! Seu pronunciamento ocorreu em confronto a uma manobra de grupos de pressão. Seu discurso pode ser duro, mas não é igualável às frases proferidas pelos sindicalistas, a exemplo do dantesco “Vai morrer, Vai morrer”.
Parte da imprensa ignorou todos os fatos pretéritos e a sucessão da audiência, preferindo utilizar títulos “clickbait” a fazer uma apuração mais dedicada dos fatos. Não se deve olvidar ainda o comportamento do deputado Douglas Garcia (que não defendeu sua colega Janaina Paschoal dos sindicalistas presentes, ao contrário de Arthur do Val), buscando repreendê-lo por seu discurso buscando “cavar falta”, ou seja, justificando a agressão de que foi vítima, quando o próprio Douglas não é exemplo de cumprimento da regra com que julga Arthur[8] e deveria espelhar-se no Mamãe Enfrentei, principalmente na austeridade do mandato.
*Juliano Rafael Teixeira Enamoto é católico e Procurador da Câmara Municipal de Sapezal, formado em Direito pela Universidade Federal de Rondônia.
[1] < https://www.msn.com/pt-br/noticias/politica/ap%c3%b3s-ofensas-discurso-de-arthur-do-val-%c3%a9-interrompido-por-briga-generalizada-na-alesp/ar-BBXMd8H?li=AAggXC1&ocid=mailsignout>
[2] < https://www.facebook.com/DouglasGarciaOficial/videos/549988328891125/> Acesso no dia 05/12/2019
[3] < https://www.oantagonista.com/brasil/deputado-estadual-do-psl-quer-mocao-de-aplauso-a-augusto-nunes/> Acesso no dia 05/12/2019
[4] < https://www.al.sp.gov.br/servidor/lista/?idUA=20417> Acesso no dia 05/12/2019
[5] < https://www.al.sp.gov.br/servidor/lista/?idUA=20369> Acesso no dia 05/12/2019
[6] < https://www.al.sp.gov.br/alesp/prestacao-de-contas/> Acesso no dia 05/12/2019
[7] < https://www.al.sp.gov.br/alesp/prestacao-de-contas/> Acesso no dia 05/12/2019
[8][8] Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
Mateus 7:1,2