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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Mandetta está longe de ser unanimidade na comunidade médica

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O ministro Luiz Henrique Mandetta, que era atacado por jornalistas por ser escolha política no começo, virou o queridinho da imprensa e dos que odeiam Bolsonaro, justamente porque passou a representar o antagonista do presidente na questão do combate ao coronavírus.

Transformaram, assim, Mandetta no herói para poder pintar Bolsonaro de grande vilão. Em alguns casos o oportunismo chega a ser tão macabro que culpam o presidente pelas mortes por coronavírus até aqui, sendo que não há falta de leito (ainda) no país, ou seja, nenhuma morte por enquanto se deve à falta de isolamento.

Mas será que Mandetta é essa unanimidade toda no meio médico? Será que Mandetta fala em nome da "ciência" e Bolsonaro do obscurantismo? Justiça seja feita, o próprio ministro, na coletiva desta quarta, reconheceu com alguma humildade que não é dono da verdade e que existem caminhos alternativos. Também elogiou muito toda a equipe ministerial do governo, que é um quadro técnico sem paralelo na história.

Eis o problema, porém: Mandetta e sua política radical de isolamento estão longe de representar a visão única existente na comunidade médica. Recebi de um respeitado médico uma mensagem de desabafo justamente porque ele e vários pares estão revoltados com essa idolatria toda ao ministro. Eis alguns trechos (ele pediu anonimato):

O propagado apoio do Mandetta pela classe médica, não é bem assim. Alguns anos atrás, o deputado  Mandetta teve uma ideia, junto com alguns membros da frente parlamentar da saúde, da criação do IBDM, Instituto Brasil da Medicina. Isto funcionaria  semelhante ao que a bancada do agronegócio tem.   Varias sociedades foram convidadas, encabeçada pela SBOT, Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. O IBDM nunca foi bem visto pela AMB e associadas, inclusive estas associações   queriam a indicação para ministro do presidente da AMB, o Dr. Lincoln. Quando Mandetta  assumiu o ministério, o IBDM, comandado pelo Dr. Mestrinho e o deputado Hiran Gonçalves, cresceu muito, e várias  sociedades se aproximaram e bancam mensalmente as reuniões e projetos.

A relação com os médicos começou a se deteriorar  quando da aprovação do programa Médicos Pelo Brasil, o qual em seu projeto original teve um grande apoio da classe, mas quando foi para o Congresso foi desfigurado, sem que o ministro trabalhasse contra. Muitos afirmam que, na época, ele falava uma coisa para os médicos, mas no Parlamento apoiava a desfiguração. Como a reação foi muito grande dos médicos, principalmente da AMB (o IBDM se calou), o presidente foi procurado diretamente e vetou as mudanças que depois não puderam ser derrubadas na Câmara. Desde este momento, a relação foi ficando de desconfiança.

Para esse médico e outros, a máscara começou a cair quando surgiram os primeiros boatos de demissão do ministro, e foi pedido ao IBDM vídeos de apoio. Poucos aceitaram. "Mandetta nunca foi técnico", afirmou esse médico. "Sua formação é mais de político", constatou. E concluiu: "Como bom orador, sempre falou o que os seus eleitores queriam ouvir".

Sua análise é de que Manieta ganhou notoriedade por falar fácil, não usar termos médicos demais, falar o que o povo entende e com clareza, simpatia. Além, claro, de oferecer a (falsa?) sensação de segurança com o isolamento radical.

Para esse médico, a histeria se deve ao fato de o coronavírus ter chegado com força na elite. O pobre continua morrendo como antes, mas agora também de fome. Para ele, é isso que gera a reação do presidente: "Bolsonaro pode não ser dos mais brilhantes, mas tem bom coração". O uso das UTIs do SUS sempre esteve com 90% de ocupação, e várias cirurgias de sua área de especialização foram canceladas por falta de vaga. Isso é corriqueiro, diz.

Enfim, para esse médico, Mandetta jamais será um Adib Jatene. E ele garante que não está sozinho nessa opinião. Muito pelo contrário...

E entre os possíveis substitutos, há vários nomes bons. Mas o escolhido que se prepare: vai virar vitrine e alvo da mídia, como apontou meu colega Paulo Mathias:

Exato. Os "corona lovers" politizaram tudo, e de forma binária, tribal: quem está do lado deles é "do bem", "limpinho", "puro" e fala em nome da ciência; quem discorda dos meios só pode ser um sujeito terrível, obscurantista, insensível e responsável por cada morte por coronavírus. É jogo sujo, podre mesmo!

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