Maturidade republicana

"Depois de muita fumaça, o ano termina com a tentativa de concórdia entre os Poderes, sinal de maturidade republicana", escreveu uma renomada jornalista da velha imprensa. Será que Vera Magalhães acredita nisso mesmo? O título de sua coluna diz: "Acordo à vista com o STF". Isso é maturidade republicana?

A mídia vem tratando com normalidade o fato de que o STF virou um agente político, fundamental para a "governabilidade" de Lula. Falam nos antigos veículos de comunicação que o Supremo ocupou o espaço antes reservado ao Centrão. E falam isso como se comentassem as fases da lua, como se não fosse nada demais.

O grau de ativismo supremo seria impensável sem a cumplicidade dessa velha imprensa. São os jornalistas que empurram narrativas bizarras, que atentam claramente contra o Estado de Direito. São eles que aplaudem o arbítrio, o abuso de poder, a perseguição partidária, tudo isso em nome da "democracia", claro.

Conchavo virou "concórdia", e promiscuidade típica de republiqueta das bananas virou "maturidade republicana". Montesquieu se revirou no túmulo após tanta barbaridade dita com a cara de pau de quem trata o próprio leitor como idiota.

Advogado petista, advogado e amigo pessoal, ex-funcionário tucano, todos ali atuando para recolocar o ladrão de volta à cena do crime, como diria Alckmin, censurando a oposição, assumindo o crime em praça pública ("Nós derrotamos Bolsonaro", "perdeu, mané, não amola!"). E perdoando bilhões em dívidas dos companheiros, com a própria esposa como advogada interessada, não vamos esquecer.

É orgia à luz do dia, é bacanal ao vivo, é total falta de pudor. Mas o STF não liga para a opinião pública, pois domina a opinião publicada. Sabe que pode contar com sua assessoria informal de imprensa, com os blogueiros tucanos e petistas para passar pano em tanta imoralidade. Nada disso seria possível sem o apoio midiático. É muita "maturidade republicana", não é mesmo?