Por que temem tanto maior transparência e segurança para as eleições? Afinal, técnicos e especialistas são quase unânimes ao constatar que o sistema atual de urnas eletrônicas que usamos no Brasil, de primeira geração criado há 30 anos, não é nem transparente, nem seguro, e que adaptar para modelos de segunda ou terceira geração, como fizeram vários países desenvolvidos, traria mais das duas coisas.
Quase nenhum país do mundo adota nosso sistema, pois ele não é auditável. E democracia exige auditoria, transparência, confiança. O PSDB, quando perdeu em 2014 em circunstâncias estranhas, tentou auditar as urnas, mas o líder tucano à época, o deputado Carlos Sampaio, concluiu que os especialistas contratados não foram capazes de completar a auditoria. O PDT de Ciro Gomes, desde os tempos de Brizola, condena essas urnas. Amoedo, do Partido Novo, também pedia mais transparência.
E eis que, de repente, estão quase todos contra as mudanças e apontando para Bolsonaro como o único que as deseja. Como assim?! Voto auditável pode ser uma demanda bolsonarista, mas é antiga e suprapartidária. Roberto Requião também exigia tais mudanças, entre outros. E eis que agora isso virou uma bandeira apenas bolsonarista, associada a algum golpismo no caso de derrota em 2022? Essa postura levanta ainda mais suspeitas!
Quando vemos Rodrigo Maia, uma espécie de despachante do sistema, nessa mesma linha, então sabemos que o "mecanismo" deu bandeira. É um tema geral, do PDT a Bolsonaro, passando por PSDB e Amoedo. Se AGORA alguns mudaram, isso levanta mais suspeita ainda. Esse é O TEMA mais importante do momento...
E se alguém ainda tinha alguma dúvida, agora ficou claro o jogo sujo. Quem já desconfiava das urnas agora tem plena convicção de que são fraudáveis e que o mecanismo lulista está preparando um golpe mesmo. Afinal, o próprio ex-presidente corrupto entrou em cena para falar que voto impresso é coisa de dinossauro - sendo que ele venceu pela primeira vez em 2002 com voto impresso.
Conversei com um deputado da comissão que avalia o tema e ele confirmou que o voto auditável subiu no telhado, basicamente pela enorme pressão de ministros supremos. Além de Barroso, que tem feito uma campanha poliglota das urnas, repetindo basicamente "la garantia soy yo", Alexandre de Moraes entrou em campo para "articular" com lideranças partidárias a resistência às mudanças. E surtiu efeito. Muitos partidos trocaram os parlamentares envolvidos no processo, colocando gente sem alinhamento com a pauta. Ficou bem mais difícil aprovar o voto auditável para valer já em 2022.
E o que isso significa? Ora, não é preciso ser a Mãe Dinah para ter uma ideia do futuro. Se alguém como Lula vencer, o ladrão que não pode sequer sair às ruas do país, mas que os institutos fajutos de pesquisas colocam como grande favorito, a enorme base bolsonarista vai desconfiar, com toda razão, de que houve fraude. E a democracia estará totalmente ameaçada, sem falar do risco de convulsão social.
Os reacionários do sistema estão brincando com fogo. Eles sabem que podem "convencer" os jornalistas de que tudo ocorreu na maior lisura do mundo, para a inveja de países como os Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Alemanha e França, que não seriam capazes de adotar tecnologia similar. Mas fora da bolha das redações esquerdistas, o povo não vai engolir essa narrativa tosca. E aí ninguém sabe o que pode acontecer...
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