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O ministro Alexandre de Moraes arquivou investigações contra seis empresários que faziam parte de um grupo de WhatsApp de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na decisão, ele reconheceu que é “patente a ausência de justa causa” para manter aberta a investigação contra Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Koury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot. O ministro, no entanto, manteve como investigados os empresários Luciano Hang e Meyer Joseph Nigri, prorrogando o inquérito por mais 60 dias.

Em agosto do ano passado, a pedido de deputadas do PSOL e do senador Randolfe Rodrigues (à época na Rede), Moraes mandou a Polícia Federal fazer uma operação contra os oito empresários, depois que vazaram na internet conversas em que alguns expressavam temor com eventual volta do PT ao poder e criticavam o Supremo Tribunal Federal por soltar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Moraes, havia defesa de um golpe de Estado.

Moraes manteve o inquérito aberto contra Meyer Nigri por causa de mensagens trocadas com Bolsonaro; e também contra Hang, porque ele se recusou a fornecer senhas de desbloqueio de seus celulares – a PF ainda tenta extrair o conteúdo dos aparelhos, que permanecem apreendidos.

Eu fazia parte deste grupo. Havia ali debates genéricos sobre política, troca de notícias consideradas relevantes e desabafos sobre a possível "volta do ladrão à cena do crime", como diria Alckmin. Não tinha qualquer coisa parecida com conspiração ou organização rebelde com algum foco definido, muito menos de golpe de estado. Simplesmente considerar essa narrativa já é uma piada ridícula, algo estúpido.

A investigação, incluída no infinitamente elástico inquérito do ministro Alexandre, foi aberta por conta da publicação de alguns trechos de conversas pelo site Metrópoles, sem qualquer necessidade de perícia, diga-se de passagem. No teor das conversas não havia nada demais, apenas empresários afirmando coisas como a preferência subjetiva da volta do regime militar no lugar da volta do petista corrupto e bajulador de tiranos.

A apreensão dos celulares de grandes empresários "bolsonaristas" teve a intenção clara de produzir o "chilling effect", ou seja, intimidar todos aqueles que pensavam em contribuir de alguma forma com a campanha do ex-presidente. A mídia corrompida compra a valor de face essas narrativas absurdas e não condenou uma operação digna de ditaduras. A mesma mídia que nunca fala em empresários "petistas" ou "tucanos", tentando colocar a pecha naqueles que apoiam candidatos de direita apenas.

A operação surtiu o efeito desejado. Os empresários se recolheram, entenderam o recado. Gente com bilhão teve conta bancária congelada e celular apreendido com visita de policial federal pela manhã em suas casas. Foram tratados como bandidos, como golpistas perigosos, como potenciais terroristas, tudo isso por desabafar sobre o risco da volta do petismo. Um deles tinha simplesmente curtido uma mensagem do colega, nada além. Como eu disse, coisa que regimes como o cubano, venezuelano ou chinês fariam. E tudo com aplausos de jornalistas prostituídos ou fanáticos pelo antibolsonarismo.

Agora que o recado surtiu o efeito desejado, o ministro arquiva as investigações e admite não haver qualquer prova de crime. Mas vai ficar por isso mesmo? Não rola nem um pedido de desculpas? Não vai ter indenização do estado pela humilhação sofrida? Os militantes da imprensa que trataram empresários sérios e renomados como marginais não vão fazer mea culpa em público? Tentam destruir vidas e depois, na surdina, enterram as acusações esdrúxulas que qualquer pessoa séria sabia ser puro pretexto para perseguição política? Que país é esse?!

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