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Primeira constatação: há gente séria defendendo a reforma tributária apresentada neste governo. Isso, por si só, deveria nos desarmar quanto a uma narrativa simplória de mocinhos e malvadões. É possível acreditar de boa fé que as mudanças serão positivas, até porque o status quo é terrível.

Dito isso, há muita gente ruim empolgada demais com a reforma e pressionando por sua urgência. Aí acende a luz amarela, quiçá vermelha: se Boulos defende uma coisa, fique contra que acertará 99,99% das vezes. É ciência! E não temos apenas o Boulos, mas o PT, o centrão guloso, os banqueiros e metacapitalistas.

Mas o que mais incomoda mesmo é essa urgência, sob o pretexto de que já estamos debatendo essa PEC há duas décadas. Falso! Não era essa PEC, que vem cheia de pegadinhas, mudanças e penduricalhos. Do jeito que ficou, tem portas abertas para o arbítrio do governo federal, isso num contexto de governo petista e seu projeto de poder totalitário em curso, numa ditadura já em estágio avançado.

Eu não topo brincar de transformar o Brasil em Venezuela só para simplificar uns três impostos. Acho extremamente arriscado! Leandro Ruschel resumiu bem: "O Centrão e a esquerda querem passar a chamada 'reforma tributária' no afogadilho para que o povo não perceba que se trata de um BRUTAL AUMENTO DE IMPOSTOS, especialmente para o setor de serviços, que é o grande motor da economia. Além disso, o sistema fica ainda mais centralizado".

Esse ponto é assustador! Paulo Guedes queria mais Brasil e menos Brasília, já o PT de Lula quer justamente o contrário. E, segundo Janaina Paschoal, esse perigo é enorme nesse projeto atual:

Comecei a análise do texto final apresentado ontem, referente à Reforma Tributária. Impossivel fazer um estudo completo em dois dias. Ainda que se aprove, faz-se necessário tempo para que os parlamentares e a sociedade avaliem os reais impactos. Pois bem, ao iniciar a leitura, de cara, achei uma pérola: o poder Executivo poderá aumentar as alíquotas dos impostos, sem aval do legislativo. Essa previsão está na parte que trata dos impostos da União. Isso é muito perigoso! Porta aberta para o Governo Petista tirar nosso sangue!

Se há tantas dúvidas, se colocaram coisas estranhas como "imposto com base em raça ou gênero" no meio da proposta, se tem imposto "ecológico" que prejudica os mais pobres, se entidades do agronegócio e do comércio estão reclamando, então cabe questionar: por que tanta pressa para atropelar o debate e liberar tantos bilhões do orçamento secreto para passar a toque de caixa?

O deputado Nikolas Ferreira vai se manter firme nesse aspecto: "A pressão externa não é maior que minha certeza interna. Não voto em reforma sem diálogo, sem discussão e com 24hrs pra analisar. Não tenho preço, tenho valor. Meu voto é não". O deputado Luiz Philippe também tem criticado a reforma e a pressa: "Há poucos minutos recebemos o texto da reforma tributária. Longo texto cheio de ideologia. Querem iniciar a discussão ainda hoje e o relator já informou que o texto mudará amanhã e amanhã mesmo querem levar a voto. Atropelo".

Eles seguem recomendação do próprio Bolsonaro: "Do exposto, a todos aqueles que se elegeram com nossa bandeira de 'Deus, Pátria, Família e Liberdade', peço que votem contra a PEC da Reforma Tributária do lula". Da forma que a coisa está agora, a única postura razoável parece ser o voto contra mesmo.

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