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Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal

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A reação do empresário sul-africano Elon Musk ao ficar sabendo que superou a fortuna de Jeff Bezos e se tornou o homem mais rico do mundo foi considerada incomum para muitas pessoas. Primeiro, um tweet em resposta: “que estranho”, para um minuto depois tweetar “Bem, de volta ao trabalho…”. Porém, essa fala não surpreende quem conhece um pouco da vida e trajetória do CEO da Tesla e da SpaceX.

Em sua biografia Elon Musk: Como o CEO bilionário da SpaceX e da Tesla está moldando o nosso futuro, há diversas passagens em que fica claro que ter um patrimônio de US$ 190 bilhões não move Musk.

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Sua primeira esposa Justine Wilson, por exemplo, conta que “o dinheiro não é a motivação dele e, sendo muito franca, acho que simplesmente surge para ele”.

A vida no Vale do Silício é marcada por muitas horas intensas de trabalho, mas mesmo o bilionário Musk vive uma versão ainda mais extrema. Como Justine diz, “eu tinha amigas que reclamavam de seus maridos chegarem em casa às sete ou oito horas da noite. Elon aparecia às onze e trabalhava um pouco mais. As pessoas nem sempre sabiam o sacrifício que ele fazia para estar onde estava”.

Quando a ideia da SpaceX surgiu, com o empresário pensando em enviar camundongos ao espaço como o início da exploração espacial, Elon não se importou em virar alvo de piadas. Ele acreditava que a humanidade precisava avançar em direção à exploração espacial, apesar de que parte do público parecia ter perdido a ambição que marcou os anos 1960 da conquista espacial. “Ele queria inspirar as massas e revigorar a paixão pela ciência, pela conquista e pelas promessas de tecnologia”, como escreveu o autor da biografia e jornalista sul-africano Ashlee Vance.

“Ele vive a crença de que é o cara que pode mudar o mundo”, como definiu Dave Bearden, que participou de diversas reuniões com Musk no início do projeto da SpaceX e, hoje, atua na Nasa.

O propósito surgiu bem antes do projeto se tornar real. Desde a faculdade, Musk já era aficionado por temas como carros elétricos, energia solar e foguetes. Não se tratava apenas de farejar tendências, tampouco vivia consumido pela ideia de ficar rico. Como o próprio Elon já afirmou, “não sou um investidor. Gosto de tornar reais tecnologias que considero importantes para o futuro e, de alguma forma, úteis”.

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Em um mundo em que a maioria das pessoas trabalha com o objetivo de ter dinheiro e pagar as contas ao final do mês, pode surpreender o fato de que não é o dinheiro que move Musk. É claro que, conforme consta na Hierarquia de necessidades de Maslow, questões que envolvem a saúde e a segurança são as mais primordiais de qualquer ser humano. Dessa forma, quem vive em situação de vulnerabilidade social, trabalha pensando, inicialmente, no mais básico para poder sobreviver. Propósitos como revolucionar indústrias ou mudar o caminho da humanidade são ambições que colocam à prova a capacidade humana, mas reservados àqueles que já superaram essas condições, seja por fatores externos ou próprios.

Há mais holofotes direcionados a Elon Musk por ele estar no topo, mas, tal como ele, não é o dinheiro que move a maior parte dos grandes empreendedores e geradores de valor da sociedade. Via de regra, eles poderiam ter interrompido a carreira e desfrutado mais anos da boa vida que conseguiram conquistar, mas buscam diferentes realizações pessoais ao se desafiarem — e os beneficiários disso são a própria sociedade.

*Artigo originalmente publicado pelo Instituto Líderes do Amanhã.