Por Caio Ferolla Silva, publicado pelo Instituto Liberal
A frase “não existe almoço grátis” tem sua autoria frequente e erroneamente atribuída ao prêmio Nobel de Economia Milton Friedman. De fato, ele popularizou a frase, mas frisou que não a inventou. Sua origem remonta provavelmente ao século 19, nos Estados Unidos. “Não existe almoço grátis” significa que tudo no mundo econômico (ou seja, tudo cujo acesso é de alguma forma limitado) tem um custo, mesmo que pago por terceiros. Quando, por exemplo, um restaurante oferece uma bebida grátis ao comprar uma refeição, certamente o preço dessa bebida já está embutido na refeição, não podendo ser considerada, assim, um brinde, uma doação ao cliente.
Essa frase se alia muito ao conceito de custo de oportunidade, que nada mais é do que aquilo de que você abre mão, ao escolher uma coisa e não outra. Você deixa de ganhar algo ao fazer essa escolha. Esse contexto explica muito bem a intervenção do Estado na sociedade. Ao escolher investir em educação, novas escolas, por exemplo, o Estado abdica de investir em um novo museu. Tudo é questão de escolha e de custo de oportunidade.
Entretanto, quando falamos de Estado, esse custo de oportunidade está diretamente atrelado ao dinheiro, do pagador de imposto, pois a fonte de recurso do Estado é, em sua grande maioria, advinda de tributos pagos pela sociedade. Para que o Estado possa fornecer algo para a sociedade, ele estará automaticamente tomando recurso de alguém para isso, que não necessariamente escolheu esse destino.
Observamos constantemente medidas populistas do nosso legislativo e administrativo. A deputada Tabata do Amaral por exemplo, propôs a distribuição “gratuita” de absorventes a mulheres, por parte do Governo. É evidente que de gratuito não existe distribuição nenhuma, pois, conforme já explicado, esse dinheiro sairá diretamente do bolso dos cidadãos, em forma de impostos. É muito fácil fazer caridade com o dinheiro dos outros. O ideal seria que todos os deputados, com ideias semelhantes a essa, façam sempre as doações que acharem mais adequadas ao seu gosto, só que com seu próprio dinheiro, e não com a verba arrecadada pelo Estado.
A sociedade precisa entender, de uma vez por todas, que não existe algo como almoço grátis, principalmente se tratando de Governo. Sempre esse tipo de medida refletirá diretamente no orçamento da união e muitas vezes exigirá uma carga tributária ainda maior. Esse populismo é ótimo para ganhar votos, porém, péssimo para o país. Além disso, o foco, junto com recursos públicos, acaba sendo desviado das questões essenciais de qualquer país, como, saúde, educação, saneamento básico e segurança.
O cidadão precisa de ter maior liberdade para gerir o seu próprio dinheiro. No Brasil mais de 41% da renda da população é revertida em impostos, isso tudo para que sejam feitas propostas desse tipo e que outras pessoas decidam qual é o melhor destino para o dinheiro de cada indivíduo. O poder de escolha deve ser sempre respeitado, e, enquanto o Estado for grande dessa forma, isso nunca acontecerá. O país não precisa de promessas de almoço grátis, e sim de mais liberdade.
*Caio Ferolla Silva é diretor do Instituto Líderes do Amanhã.
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