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Por Alex Pipkin, publicado pelo Instituto Liberal
Acabei de escrever uma reflexão sobre o acometimento de doença grave e da vontade avassaladora pela manutenção de um “status quo” nocivo – e peçonhento – a que, de fato, as instituições brasileiras estão submetidas. Tal doença terminal, em minha ótica, comprovadamente impede, ou, no limite da generosidade, inibe o franco desenvolvimento politico, econômico, social e moral do país. Especificamente, expus o comportamento hipócrita e improdutivo em parcela significativa das universidades e da mídia marrom e rubra brasileiras.
Entretanto, tal postura e comportamento corporativo, que se utiliza do natural mecanismo de autoproteção dos “sistemas vigentes”, age intensivamente em todos os espectros da vida social cotidiana. Palavras de ordem, tais como liberdade de expressão, democracia, Estado de Direito, e por aí afora, pela novilíngua orwelliana e pelo uso criminoso do politicamente correto, servem de arma letal para combater e calar aqueles que pensam distintamente da manada e que, pelo seu compromisso com o pensamento e a razão, ousam desafiar as crenças oportunistas e interesseiras daqueles que, de um modo ou de outro, beneficiam-se desse estado de coisas, imutável.
Sempre vem-me a mente a frase que geralmente se atribui a Edmund Burke, embora não haja evidências da autoria: “Tudo que o mal precisa para triunfar é que os homens bons não façam nada!”.
É preciso mesmo reagir frente à dissimulação daqueles falsamente comedidos, popularmente conhecidos como “isentões”. Os inimigos são, na maioria das vezes, surdos ao que você diz. Já os “isentões” disfarçam, camuflam e atacam sorrateiramente. Nessa direção, o perigo é mais do que iminente.
Os “isentões”, comumente, para manterem sua aura de (im) parcialidade, empregam falsas acusações, deturpam falas e seus significados objetivos, chegando ao ponto de mentir e difamar não só inimigos, como também eventuais “amigos”. Claro que tudo isso às escondidas.
A tão propalada e desfrutada liberdade de expressão aparenta só servir para ratificar “verdades” que interessam exclusivamente a um determinado “lado”. Os “isentões” anseiam sempre e irreparavelmente por uma “liberdade de expressão seletiva”. Se eu estiver correto, liberdade de expressão significa permitir que alguém acredite, fale e escreva tudo aquilo que desejar, mas isso não o torna isento de que o “outro” possa discordar daquilo que está sendo expressado, obviamente, com respeito e argumentos válidos.
No mundo acadêmico, por exemplo, nas últimas três décadas, visões predominantes do mainstream, aquelas do privilegiado “clube inglês”, resultaram na paralisia da criatividade, no constrangimento ao “diferente” e na escassez de oportunidades para o surgimento de inovações de valor útil e relevante para o mundo empresarial real. Instalou-se a ditadura do pensamento único dos executivos dos livros e, normalmente, de visão de mundo esquerdista, embora seja irônico e hilário observar tal façanha no campo dos negócios. Tais “mestres bondosos” na selva capitalista, com seus desejos puramente altruístas, creem que os negócios podem prosperar baseados na santa boa vontade, esquecendo-se de que a força motriz para as contínuas descobertas do novo útil, que efetivamente melhora o padrão de vida nas sociedades, depende do incentivo do lucro dos capitalistas.
O negócio dessa turma é o ataque ad hominem, ou seja, não fazendo parte da patota, o conteúdo não merece sequer ser observado… Afinal de contas a Universidade não é um espaço plural para “fazer pensar”?! Deve ser porque a palavra “universidade”, na sua origem, no latim “universitas”, muito embora signifique “universalidade e totalidade”, também pode querer dizer “corporação”. Infeliz coincidência!
Bem, não estou dando bulhufas para a patrulha! Valorizo minha consciência e minha liberdade de expressão – com a devida vênia e responsabilidade sobre aquilo que digo e faço – para poder escrever e dizer aquilo que reputo como sendo adequado e necessário. Continuarei desafiando dogmas sectários e, tristemente, em grande parte dos temas estabelecidos neste país ultra-polarizado, a segurança de visões predominantes, embora amplamente equivocadas.
Não me furtarei de enfrentar temas, mesmo que potencialmente controversos, em (des) razão daqueles que se acham na posição de possuidores da suprema moral, da inteligência e da “verdade”.
Os “isentões” – pelo menos aqueles com mais de um neurônio – garotos e garotas espertas – sabem que fica mais fácil taxar os não-conformistas em qualquer discussão sobre variados temas, por mais banais que sejam, como reacionários, racistas, políticos interesseiros, fascistas, autoritários…, ao invés de ter que utilizar e/ou construir argumentação válida e significativa (trabalhoso!) a fim de dialogar com base nas ideias. Pois é, acho que muitos deles não são capazes e não possuem as tão “singelas, produtivas e úteis” ideias, pelo trivial ato de pensar, contrariamente à repetição de baboseiras e clichês – não ideais…
Finalizando, creio que é no eventual desacordo através de diálogos, com base nas “ideias iluminadas”, que poderão surgir a beleza e o sinal de inteligência do repensar e o respectivo avanço intelectual legítimo.
Uma pergunta derradeira: não estamos – já que tanto se verbaliza! – numa democracia?! Cabe pesquisar o insuspeito significado do termo!
Não, senhores, o relativismo não é e não pode ser soberano. Obviamente que com base nos fatos e nos dados válidos e fidedignos, por meio de diálogos na busca da verdade – e ela existe, embora não seja imutável – é que valorizaremos a dádiva que nos separa dos animais irracionais: nossa capacidade de pensar reflexiva e racionalmente.
Categoricamente, somente para aqueles verdadeiramente “grandes”, corajosos para auto impor a expulsão da farsa da dissimulação e, finalmente, progredir intelectualmente, pelo milagroso processo de amadurecimento da própria razão. Cuide-se muito! Dos “isentões”, é claro!