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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Não tenho medo de bengala, tia!

"O jovem tem todos os defeitos do adulto e mais um: o da imaturidade." (Nelson Rodrigues)

Meu texto sobre a "revolução" da terceira idade e as "tias do zap" teve grande repercussão, e também muitas críticas e repostas. Mexi num vespeiro, reconheço. Mas não vi um bom contra-argumento até aqui. Rebateram espantalhos!

Os ataques partiram de duas fontes: dos bolsonaristas que têm nas "tias do zap" sua principal audiência; e de algumas dessas "tias" que se sentiram diretamente agredidas e ficaram ofendidas. Ou seja, de quem tem interesse direto em agradar a clientela, e de quem não gostou de certas verdades, pois machucam mesmo.

O que as reações têm em comum é que erram o alvo, fogem do cerne da questão, e precisam me rotular e me depreciar para se defender. Idosos podem - e devem - se preocupar com a política. Nunca disse o contrário. Não precisam esperar a morte numa cadeira de balanço ou jogando bingo...

O fenômeno que tentei analisar é mais específico, diz respeito a quem coloca na política sua fé religiosa, ou seja, quem se torna um fanático radical na velhice, o que, cá entre nós, é brega acima de tudo. Espera-se do velho mais prudência sim. Ou a experiência não valeu de nada?!

Michael Oakeshott, um grande conservador (que as "tias" jamais leram, tenho certeza), falava da política de fé e da política do ceticismo. O conservador é cético por natureza. As "tias" são fervorosas, apaixonadas, fanáticas. Não combina.

Todos conhecem o perfil, sabem de quem estou falando. Das senhoras que compartilham fake news de sites obscuros, estilo chapéu de alumínio, que veem um vídeo do youtuber olavete e acham que entenderam política de fato, que gritam "mito" por aí, sem o devido ceticismo que deveria vir junto com os anos de vida.

Por fim, a acusação que fizeram de preconceito é absurda. O que condeno nelas - fervor revolucionário, paixão política, polarização tribal -, condeno em todos. Tenho criticado o clima tribal na sociedade, e em especial nas redes sociais. Apenas acho mais desculpável tais características nos jovens, e mais cafona em quem deveria demonstrar maior maturidade.

Alguns condenaram até o uso do termo "velho", e outros desejaram que eu me torne um idoso para aprender certas coisas. Ora, eis o ponto! Eis o sintoma da nossa sociedade doente: ninguém mais aceita... envelhecer! Seremos "eternamente jovens", buscando adrenalina, aventuras, e pior: na política! Maturidade exige reconhecer nossos limites, aceitar com dignidade a inexorabilidade do tempo. Bancar o jovem revolucionário com 70 anos é "over", tia!

E não adianta me ameaçar, pois não tenho medo de bengala. Sim, eu espero ficar velho um dia, pois a alternativa é muito pior. Mas espero ser um velho maduro, experiente, capaz de transmitir aos mais jovens justamente aquilo que eles não possuem e tanto necessitam: calma, cautela, prudência, paciência, virtudes típicas... do conservadorismo!

Na esquerda também tem muita gente que quer driblar a velhice flertando com a "eterna juventude rebelde". Muitos acham aquela apresentadora canadense Sue o máximo, falando de sexo na TV e explicando como usar vibradores. Já eu sempre achei brega, caído, um tanto infantil. Prefiro a imagem de uma vovó simpática e recatada que conta histórias clássicas para seu netinho dormir.

Envelhecer não deve ser fácil, e como não sou nenhum jovenzinho, do alto dos meus 43 anos e com filha que já fez 18, sei disso. Mas envelhecer sem amadurecer é triste. Nelson Rodrigues batia de frente com a juventude idealista, revolucionária, e recomendava como conselho aos jovens: envelheçam! Com certeza não era em termos de idade cronológica que o dramaturgo falava, e sim de mentalidade, de postura, maturidade.

Espera-se do velho mais prudência. Nossa sociedade de "adultescentes" é problemática justamente porque tantos adultos se negam a assumir esse papel de maior responsabilidade perante os mais jovens. Tenho vários textos sobre o assunto, e um capítulo enorme de Esquerda Caviar sobre juventude. Não é nada pessoal, tampouco preconceito, tia. É uma análise que faço de um dos problemas da nossa sociedade moderna: os adultos que se recusam a agir... como adultos!

Agora pode dar a bengalada, que o casco é duro! Já aturei muita pancada de petista, tucano, libertário, reacionário, e não vou me deixar intimidar pelas "tias do zap". A carapuça não precisa servir a todas as senhoras politizadas que frequentam manifestações. Basta rejeitar o fanatismo, o tribalismo, o olavismo, e tomar o devido cuidado para não copiar os métodos dos jovens idealistas. Eles são, afinal, uns pobres coitados idiotas que a vida ainda vai educar! Ou não...

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