O filme Deus da carnificina, de Roman Polanski, é uma sátira à hipocrisia do politicamente correto, com Jodie Foster fazendo o papel de uma típica representante da esquerda caviar, que se coloca sempre acima dos outros no campo moral.
Ela é capaz de tudo perdoar em nome da “civilização”. É tão descolada que até passou sua lua de mel na Índia! Mas, em certo momento, desabafa: “Por que tudo tem que ser sempre tão exaustivo?”. Usar sempre aquela máscara cansa.
A personagem abraça as causas das pobres crianças africanas, mas, no fundo, esconde seu ódio a tudo aquilo em volta, seu recalque à sua vida medíocre com seu marido acomodado, um simples vendedor de latrinas sem ambição. Eis como Pondé resume a figura em um artigo sobre o filme:
Ela escreve livros sobre Darfur e a miséria na África e, em meio a seus berros contidos de histérica, ela decreta que quem não se preocupa com a pobreza mundial não tem caráter. Tenta passar a imagem de que ama e perdoa a todos, inclusive o filho da Winslet que bateu em seu filho, mas no fundo é uma passiva agressiva, aquele tipo de mulher descrita por Woody Allen, que fala baixinho, mas fere fundo com sua saliva venenosa e cruel.
Em certo momento, o marido afirma que o “amor” que ela sentia pelos negros do Sudão tinha estragado tudo nela. É uma tirada ácida, mas que aponta para essa característica da esquerda caviar com perfeição. Ela “amava” os pobres distantes, mas isso era pura hipocrisia, uma forma de entorpecimento próprio. A esquerda caviar usa a “preocupação” com a desgraça alheia como troféu de sua suposta superioridade moral. As minorias oprimidas são seus mascotes.
Seus membros precisam se identificar com os “fracos e oprimidos” e condenar os bem-sucedidos do Ocidente. Imbuídos ainda de uma visão marxista do mundo, onde José é rico porque explorou Pedro que é pobre, essa é mais uma forma de expiar seus pecados, de se mostrar uma alma sensível conectada aos sofredores e perdedores.
Esse trecho acima está no meu livro Esquerda Caviar, que completou uma década e segue bem atual. A visão estética de mundo seduz muita gente "culpada", que destila um romantismo infantil e trata tudo como se fosse projeção. No filme em questão, a personagem de Jodie Foster acha que todos são "civilizados" e deveriam resolver tudo num diálogo "racional". Cabe ao pai do outro menino, personagem de Christoph Waltz, "tocar a real" sobre a realidade lá fora.
Os terroristas do Hamas entraram em festas, em kibbutzim, em casas e mataram aleatoriamente crianças, idosos, estupraram meninas, degolaram bebês, e depois postaram muita coisa nas redes sociais, comemorando suas atrocidades selvagens. Não obstante, ainda tem muita gente no Ocidente falando em "resistência contra a ocupação", em "causa palestina", em "diálogo" ou "cessar fogo".
O narcisismo da esquerda ocidental é impressionante. Para fugir da dura realidade de que há, no mundo, gente bárbara que rejeita nossos valores ocidentais, essa turma prefere tratar esses monstros do Hamas como seres humanos que dividem os mesmos valores, e que se ao menos tivessem algumas concessões extras, vão simplesmente desejar a paz.
Daí a importância de mostrar as imagens cruéis, os vídeos indigestos. Eles se orgulham do que fizeram! Eles desejam matar todos os judeus! Eles valorizam a morte, o martírio, inclusive das suas crianças! São várias declarações de lideranças do Hamas confessando isso tudo, enaltecendo a morte.
O Hamas mantém o próprio povo palestino como refém, perto de aparatos bélicos, e o impede de sair mesmo quando Israel avisa antes de atacar. Eles querem mais mortos, "mártires" que usam na guerra de narrativas, pois sabem da sensibilidade e dos valores ocidentais. Os monstros do Hamas usam isso contra o próprio Ocidente.
É preciso deixar esse narcisismo de lado e encarar a face do mal: tem gente que não dá o mesmo valor à vida humana, mesmo de crianças, ou mesmo de bebês! Sim, isso deveria ser um valor universal e inegociável, mas, infelizmente, não é. E basta ver as imagens bárbaras ou ouvir o que os próprios terroristas dizem. Nós amamos a vida; eles, a morte. Aceitar isso é a única chance de sobrevivência do próprio Ocidente e, por tabela, de seus valores mais nobres.
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