O presidente Lula, ao paparicar seu velho companheiro, o narcoditador da Venezuela, disse que Maduro deveria divulgar suas "narrativas" sobre o país, para combater as "narrativas" de que lá não há mais democracia. É a cara da esquerda trocar a realidade pelo discurso, como se palavras e propagandas pudessem apagar a verdade dos fatos.
Não é apenas a esquerda radical lulista que faz isso. A esquerda "fofa" tucana também adora a visão estética de mundo, os slogans sensacionalistas, a tirania da visão. Não por acaso Ben Shapiro constatou, contra essa turma woke: os fatos não ligam para seus sentimentos. Esquerdista é aquele que coloca sua ideologia acima da busca pela verdade.
Por isso chamou a atenção a última coluna do tucano Merval Pereira no Globo. Chama-se justamente "Narrativas", e ele toma como base um livro do filósofo coreano Byung-Chul Han, com o conceito da "infocracia". Trata-se do governo da informação, onde a distinção entre ficção e realidade desaparece.
Diz Merval: "Ele vai além da constatação de que as plataformas digitais empobrecem o debate político, tornando imaturos seus viciados, ou os impedindo de amadurecer. Ou que a política se submete às mídias de massa, o entretenimento determina a mediação de conteúdos políticos, deteriorando a racionalidade".
O colunista continua: "Como consequência, diz ele, ocorre a violação do fundamento social da democracia, fazendo com que notícias se tornem 'similares a uma narrativa'. O estímulo a debates mais aprofundados é trocado pelo entretenimento, fazendo com que a capacidade de concentração dos seguidores seja bastante baixa, ao contrário de quando a cultura social era baseada em livros".
Merval menciona uma conclusão forte do autor: "A comunicação dirigida pelos algoritmos nas mídias sociais não é nem livre, nem democrática". Quando avaliamos a selva do Twitter, sem dúvida há um grão de verdade nisso. Vemos tribos raivosas, muita gente usando a política como uma extensão do puro entretenimento, uma cacofonia danada. Não por acaso costumo chamá-lo de Cradolândia das redes sociais. Isso pré-Musk, que fique claro.
Mas se é verdade que há muito lixo nas redes sociais, que malucos se unem e reverberam suas maluquices com mais força por não se sentirem tão sós, que algoritmos podem manipular os debates, que a pressa é inimiga da busca pela perfeição, se todos esses defeitos são reais, isso não quer dizer que a solução esteja em sua regulamentação ou no monopólio da velha imprensa, o "consórcio".
Pergunto: alguém acha mesmo que figuras como o próprio Merval Pereira, a Vera Magalhães, o Reinaldo Azevedo, a Míriam Leitão e outros do tipo representam uma melhor alternativa para confiar nossa fonte de informação? A pandemia e os fenômenos Trump e Bolsonaro derrubaram qualquer esperança nesse sentido.
Foi justamente na mídia mainstream onde o debate perdeu qualquer razão, perguntas foram banidas, fatos desapareceram por completo, dando lugar à pura narrativa. Os principais veículos de comunicação mergulharam num viés escancarado, fizeram de tudo para interditar o debate livre, manipular dados ou impor uma visão pré-definida.
A velha imprensa está tomada por esquerdistas, eis a realidade que salta hoje aos olhos de todos. Em boa parte graças às redes sociais, que com todos os seus defeitos, deram espaço para o contraditório, asfixiado nas redações dos jornais. Merval pode até se sentir muito acima da ralé "fanática" e "imatura" do Twitter, mas basta lembrar de seu antibolsonarismo histérico e de como "fez o L" para "salvar a democracia" que logo constatamos que as tias do Zap respeitam bem mais a busca pela verdade do que o renomado jornalista "imparcial".
São fatos, apenas fatos. E eles não ligam para os sentimentos arrogantes desses jornalistas de esquerda...
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