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Alckmin e Lula, que tomarão posse em 1 de janeiro
O presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.| Foto: André Coelho/EFE.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai apresentar nesta segunda-feira (22) um programa voltado ao que ele chama de "neoindustrialização" do país para os próximos dez anos. O anúncio será feito pelo vice Geraldo Alckmin (PSB), também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Como premissa básica, o projeto intitulado "Nova Indústria Brasil' prevê a indução do desenvolvimento pelo poder público, com implementação de linhas de crédito, subsídios e exigências de conteúdo local para fomentar empresas nacionais. O plano define missões, metas e diretrizes para o período de dez anos, até 2033. As missões são ligadas aos setores da agroindústria, complexo industrial de saúde, infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade, transformação digital, bioeconomia e tecnologia de defesa.

"Novo" programa é um resgate do que já deu errado nas gestões anteriores petistas.

É preciso checar as premissas. E isso o que PT nunca faz, pois se gozasse de honestidade intelectual, já teria abandonado o esquerdismo faz tempo. A premissa do "novo" programa - um resgate do que já deu errado nas gestões anteriores petistas - é a de que o governo pode alocar melhor os recursos escassos na economia. Não passa de uma falácia.

A típica mentalidade petista enxerga o mercado como ineficiente - quiçá malvado - e o governo como iluminado, dotado de lindas intenções e incrível capacidade de execução. Assim sendo, burocratas, tecnocratas e políticos se sentariam numa enorme sala para definir metas, e depois distribuir recursos de acordo. É como se os recursos brotassem do solo ou caíssem do céu.

"É pela automaticidade do castigo, e não por inspiração divina, que os empresários privados não param de pensar em custos", sabia Roberto Campos.

"Segundo Marx, para acabar com os males do mundo, bastava distribuir; foi fatal; os socialistas nunca mais entenderam a escassez", resumiu Roberto Campos. Campos sabia que "O mercado é um ininterrupto plebiscito, onde as preferências e os eventuais erros estão sujeitos a um permanente processo de revisão e ajustamento". Tal mecanismo de incentivos não se faz presente no dirigismo estatal.

Por isso mesmo Campos concluiu: "O Estado é melhor como jardineiro, que deixa as plantas crescerem, do que como engenheiro, que desenha plantas erradas". O irônico disso tudo é que tais políticas industriais beneficiam os ricos à custa dos pobres. "Os socialistas, e em especial os marxistas, sempre pensaram que existia um estado natural de abundância. Nada mais simples, portanto, que a economia de Robin Hood: tirar dos ricos para dar aos pobres", disse Roberto Campos. Mas o desenvolvimentismo faz o contrário: tira do trabalhador de classe média, pagador de impostos, e despeja no bolso dos industriais ricos.

"É pela automaticidade do castigo, e não por inspiração divina, que os empresários privados não param de pensar em custos", sabia Roberto Campos. Mas quando o governo garante subsídios, barreiras protecionistas, estímulos artificiais, esse mecanismo de incentivos não se faz presente. O resultado, além de corrupção, é a má alocação dos recursos escassos.

Portanto, a "nova política" lulista, o resgate do velho desenvolvimentismo sempre fracassado, pode ser a seguinte, também extraída de Roberto Campos: "No meu dicionário, ‘socialista’ é o cara que alardeia intenções e dispensa resultados, adora ser generoso com o dinheiro alheio, e prega igualdade social, mas se considera mais igual que os outros…"

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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